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Bimotor que caiu no Recife teve duas peças trocadas em manutenção

Thais Gouveia<br>Especial para o UOL Notícias

No Recife

15/07/2011 21h39

A última manutenção do bimotor L-410, da Noar Linhas Aéreas, feita antes da aeronave cair, na última quarta-feira (13), aconteceu no final de semana passado. No procedimento, apontado pela companhia aérea como sendo de rotina, foram trocadas duas peças do motor. Participaram do serviço os técnicos da Noar e representantes da GE da República Tcheca, fabricante do motor.

O UOL Notícias solicitou na manhã desta sexta-feira (15) à assessoria de imprensa da Noar a informação de quais peças haviam sido trocadas, mas, à noite, a empresa informou que não poderia fornecer os dados porque apenas os técnicos da manutenção da aeronave tinham os dados.

Ainda de acordo com a assessoria, a diretoria não estaria informada sobre as mudanças –mesmo após o acidente que matou 16 pessoas (entre elas, piloto e copiloto). A assessoria disse ainda que os técnicos não poderiam ser localizados porque estavam afastados do trabalho, por causa do sepultamento dos colegas de trabalho mortos no desastre.

A manutenção, que foi realizada em três dias, é uma das opções de serviço programado que os proprietários de aeronaves L-410 precisam fazer com frequência variada, de acordo com o tempo de uso do bimotor ou com as horas de voo. Ela é agendada e conta com a participação dos técnicos do fabricante do motor, a GE da República Tcheca.

São observados detalhes do funcionamento do motor, peças fundamentais e são feitos ajustes necessários para cada ciclo de funcionamento da aeronave. Se necessário, peças são trocadas –como aconteceu com o avião da Noar que acabou caindo dias depois.

Outra manutenção, mais demorada, acontece com menos frequência: também é agendada e requer o envio do motor para a sede da GE. O trabalho costuma ser mais detalhado.

Além disso, de acordo com a empresa, são realizadas diariamente, sempre após cada voo, manutenções de rotina. Os ajustes diários são mais simples, mas não menos importantes.

“Isso é feito com toda aeronave, de todas as companhias, todos os dias. É padrão”, explicou o diretor de operações da Noar, Marcos Sendim. “Após o último voo antes do acidente, o L-410 havia voado 17 horas e 40 minutos depois da manutenção, sem problema algum”, alegou o diretor de assuntos corporativos e comerciais da Noar, Giovani Farias.

O delegado Guilherme Mesquita, da seccional de Boa Viagem, ainda continua organizando a agenda de depoimentos sobre a tragédia do voo 4896 da Noar Linhas Aéreas. Os depoimentos devem começar apenas na próxima segunda-feira.

O bimotor caiu três minutos após a decolagem do aeroporto Gilberto Freyre, na capital pernambucana. O piloto chegou a informar à torre de controle que estava com problemas e que faria um pouso forçado, segundo informações da Aeronáutica, mas o contato foi perdido.

O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que também investiga o acidente, informou que os dois gravadores das caixas-pretas estão queimados, o que vai dificultar a investigação.