Centro-Oeste é a região que mais retém imigrantes, aponta IBGE
O fluxo migratório no Brasil está mudando. Enquanto durante décadas o Sudeste foi o principal destino dos imigrantes, atualmente é o Centro-Oeste a região que mais os recebe. Segundo análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada hoje (15), a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) de 2009, o Centro-Oeste é a região que possui o maior saldo migratório do país.
Entre 2004 e 2009, o Centro-Oeste recebeu 418 mil imigrantes, enquanto 281 mil emigraram. Isso gerou um saldo migratório de 137 mil pessoas. No Mato Grosso, por exemplo, 17% dos imigrantes vieram do Paraná, 12% de São Paulo e 12% de Rondônia – um possível reflexo dos fluxos gerados durante a expansão da fronteira agrícola, segundo aponta a análise do instituto.
Embora detentora do maior saldo migratório do país, a região Centro-Oeste acompanha a tendência nacional e apresenta uma queda progressiva no número absoluto de imigrantes nos últimos 15 anos. Em 2000, a região recebera 625 mil imigrantes nos cinco anos anteriores. Em 2004 e 2009, o número cai para 534 mil e 418 mil, respectivamente. Em 2000, era o Sudeste o detentor do maior saldo migratório, mas desde 2004 o Centro-Oeste assumiu a ponta no ranking das regiões com maior retenção de imigrantes.
O IBGE constatou que entre 1995 e 2000 mais de 3,3 milhões de brasileiros mudaram não só de Estado, mas de região. Já no período seguinte (1999-2004), 2,8 milhões de brasileiros participaram desta migração inter-regional. Por fim, no último período analisado (2004-2009), apenas 2 milhões de pessoas trocaram de região.
Imigrantes e emigrantes no Brasil em 2009
- Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009
Retorno às origens
De acordo com os dados mais recentes do IBGE, a região que possui o segundo maior saldo migratório do país é o Sul, com 98 mil. Nesta região vem acontecendo um processo também percebido com intensidade no Nordeste: o retorno daqueles que emigraram no passado.
No Rio Grande do Sul, entre 1995 e 2000, 39,2% dos novos imigrantes eram, na verdade, gaúchos que haviam deixado o Estado anteriormente. No Paraná, a proporção dos imigrantes de retorno ultrapassou os 37% no mesmo período. Já no Nordeste, à exceção do Rio Grande do Norte e de Sergipe, os índices foram superiores a 40% em todos os demais Estados. Rondônia, Roraima, Amapá, Mato Grosso e Distrito Federal foram as únicas unidades da federação nas quais a proporção de imigrantes de retorno foi inferior a 10%.
Mais recentemente, o "retorno às origens" se abrandou. Entre 2004 e 2009, o Rio Grande do Sul foi o Estado que mais sentiu a volta de seus conterrâneos, já que 24% dos imigrantes eram gaúchos. Os outros Estados nos quais a proporção dos imigrantes de retorno foi considerável foram Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Minas Gerais e Paraná – todos com índice superior a 20%
De acordo com a análise dos IBGE, este movimento de retorno pode estar atrelado à saturação dos espaços industriais no Centro-Sul do país, reduzindo a capacidade da geração de empregos e oportunidades ocupacionais.
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