Corpo de copiloto morto em acidente é enterrado em PE

O corpo do copiloto Roberto Souza Gonçalves, 60, foi enterrado nesta sexta-feira (15) no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, região metropolitana do Recife. Gonçalves era o copiloto do avião da companhia local Noar Linhas Aéreas que caiu anteontem perto da Praia de Boa Viagem, em um acidente que deixou um total de 16 mortos.

Os nove irmãos e os oito filhos de Gonçalves estiveram na cerimônia desta manhã. Ao som de violinos, o corpo do copiloto foi carregado pelos irmãos sob muitos aplausos. Segundo um dos filhos, ele "morreu como herói".

Ainda hoje devem ocorrer os sepultamentos dos sete corpos já identificados até agora pelo Instituto Médico Legal (IML). A perícia preliminar aponta que a causa da maioria das mortes foi politraumatismo, por causa do impacto da queda.

Uma empresa contratada pela seguradora da companhia aérea será responsável pelas cerimônias fúnebres, que começam já pela manhã.

Dez corpos das 16 vítimas da queda já foram identificados, pelas digitais ou pela arcada dentária. Os passageiros morreram por politraumatismos, segundo os laudos.

Os familiares ignoraram a recomendação da gerência do IML, de que se concentrassem no hotel designado pela companhia aérea para aguardar informações sobre o trabalho de identificação. Durante todo o dia de ontem, os parentes estiveram em frente ao instituto, na esperança da liberação dos corpos.

Investigação criminal

O delegado de Boa Viagem, Guilherme Mesquita, designado para investigar a responsabilidade criminal pelo acidente, ainda não agendou depoimentos, mas quer ouvir os proprietários da Noar Linhas Aéreas o mais rápido possível. Para isso, vai intimar nesta sexta-feira (15) que a companhia aérea forneça uma cópia do contrato social da empresa. “Quero saber quem são os sócios da companhia, para intimá-los a depor”, informou o delegado.

Além disso, Mesquita vai solicitar às emissores de televisão, rádio e portais de notícias na internet cópias dos vídeos que contenham imagens do bimotor caindo, além do depoimento de testemunhas. “Quero as filmagens onde as pessoas relatam o que viram e o depoimento do irmão do piloto, que disse ter ouvido reclamações do irmão a respeito de problemas na aeronave.”

O irmão de Roberto Gonçalves, 55, copiloto do avião, disse ao UOL Notícias que ele reclamava, com frequência, de problemas mecânicos nas turbinas das aeronaves da Noar. “Ele sempre se queixava de falhas mecânicas nas turbinas e problemas na parte elétrica dos aviões. A última queixa que ele fez foi há três meses”, afirmou Jairo Gonçalves, 50.

A diretoria da Noar Linhas Aéreas disse que nunca recebeu qualquer reclamação dos funcionários sobre irregularidades no avião L-410. Segundo a empresa, a aeronave era nova e tinha passado por manutenção no fim de semana anterior.

O bimotor caiu três minutos após a decolagem do aeroporto Gilberto Freyre, na capital pernambucana, na manhã de quarta-feira. O piloto chegou a informar à torre de controle que estava com problemas e que faria um pouso forçado, segundo informações da Aeronáutica, mas o contato foi perdido.

Ontem, o presidente da comissão do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que investiga o acidente, informou que os dois gravadores das caixas-pretas estão queimados, o que vai dificultar a investigação.

* com reportagem de Thais Gouveia, em Recife.