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Família de copiloto que morreu em acidente diz que amor à aviação continua

Thais Gouveia<br> Especial para o UOL Notícias

Em Recife

15/07/2011 13h35

Duas vítimas do acidente com o bimotor L-410 da Noar Linhas aéreas, ocorridos na manhã da terça-feira (12), foram seputadas hoje de manhã. A despedida ao copiloto Roberto Gonçalves e ao passageiro Marcelo Campelo aconteceu no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. Lá, também estão sendo velados os corpos de Ivanildo Santos Filho e Maria da Conceição Oliveria. O enterro está marcado para esta tarde.

Nas quatro capelas que abrigavam os corpos e as famílias, dispostas lado a lado, o clima era de consternação. A mais espaçosa, com capacidade para 120 pessoas, estava lotada pelos parentes de Roberto Gonçalves, que também ocupavam a área externa do velório. De origem adventista, a família fez cerimônia religiosa durante a despedida.

Um dos irmãos do copiloto, Luiz Gonçalves, contou que os parentes continuam abalados com a morte de Roberto. Além dele, há mais oito pilotos na família --dois são filhos de Roberto: um deles trabalha em trechos internacionais da TAM e outro está concluindo a formação.

Mesmo após o acidente que vitimou o irmão, Luiz garante que o amor pela aviação continua forte. “Eu, particularmente, sempre temi que isso pudesse acontecer. Lembro que na semana em que o filho de Roberto entrou para a TAM, aconteceu aquele acidente em Congonhas. Ficamos todos apreensivos. Mesmo assim, ele não desistiu”, lembra.

Entre os que estavam presentes ao velório de Marcelo Campelo, ninguém quis falar com a imprensa.

O depoimento mais impressionante foi o dado pela família de Maria da Conceição, que viajava a trabalho. Era a segunda vez que ela viajava de avião, porque tinha muito medo de voar.

“Antes do embarque, quando ela foi deixar o carro com nossa irmã, disse a ela que estava sentindo que naquele dia perderia o medo de voar. Minha irmã disse que seria muito bom para ela, que não tivesse medo porque iria e voltaria no mesmo dia”, contou o irmão da vítima, José Carmelo de Oliveira.

Ele lembrou da personalidade da irmã. “Uma pessoa alegre, muito ativa, querida por todos. Estou constatando isso também pelos colegas de trabalho dela, que estão no velório aqui do lado”, afirmou. Maria da Conceição e Marcelo trabalhavam juntos. Os dois viajavam a trabalho.

Na capela mais afastada, estava a família de Ivanildo Santos, que era pastor da Igreja de Deus no Brasil em Ouro Preto (Olinda). Familiares revelaram que a preocupação maior, no momento, é com o filho da vítima, que já havia perdido a mãe, sete anos atrás. “Estamos todos cuidando dele, mas estamos tranquilos. Somos cristãos e sabemos que Ivanildo está descansando no Senhor. Temos essa esperança e essa confiança”, afirmou o sobrinho do pastor, Bruno Martins.

Identificação dos corpos

O Instituto de Medicina Legal (IML) pernambucano conseguiu identificar mais três corpos desde a noite de ontem. Agora, são onze vítimas do acidente com a aeronave da Noar Linhas Aéreas, ocorrido na manhã da terça-feira, no Recife, que já podem ser retirados pelos familiares. Dessa vez, a maioria foi identificada por exames de odontologia legal (análise da arcada dentária). Todos foram vítimas de politraumatismo e morreram antes da explosão do bimotor.

Ontem, o UOL Notícias já havia noticiado que o corpo de Raul Farias estava identificado. Hoje, o IML revelou que a confirmação veio por exame da arcada dentária. Como ele, também foram Bruno Frederico Ribeiro de Albuquerque e André Louis Pimenta Freitas. Apenas a identidade de Marcos Eli Soares de Araújo foi confirmada por teste papiloscópico (impressões digitais).

Com cinco cadáveres ainda sem identidade, o IML conta agora com equipe de seis médicos legistas, três odontolegistas e auxiliares no plantão. “Ainda há chances de identificação de corpos sem precisar de teste de DNA, mas sabemos que outrs só poderão ser identificados após o exame com material genético”, explicou a gerente do IML, Joyse Breenzinckr.