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Modelo de avião que caiu no Recife tem histórico de acidentes, segundo consultoria

Thais Gouveia<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>No Recife

18/07/2011 15h01

Uma em cada dez aeronaves L-410 –o mesmo modelo do avião que caiu no Recife na última quarta-feira (13) matando 16 pessoas– passaram por algum tipo de acidente, sendo a maioria considerada grave. Os dados são da Aviation Safety Network, consultoria especializada em segurança aérea que reúne estatísticas da aviação internacional. Segundo dados da empresa, o desastre em Pernambuco foi o décimo mais grave desde que o bimotor começou a ser comercializado, em 1969.

O índice de acidentes do L-410 é semelhante ao do Fokker 100, que protagonizou uma das maiores tragédias da aviação brasileira em 1996, quando 99 pessoas morreram em São Paulo. O modelo acabou tendo a fabricação descontinuada dez anos após seu lançamento.

O L-410 (ou LET-410 em seu nome original) é produzido na República Tcheca. No total, segundo a Aviation Safety Network, foram fabricadas até agora 1.138 unidades, das quais 105 se envolveram em desastres. Desses, 95 são considerados de gravidade alta, com mortes e danos profundos à fuselagem –401 pessoas já morreram em acidentes com esse modelo. Nos casos de queda ou colisão, o índice de fatalidade chega a 72%. Oito companhias aéreas que fazem uso dessas aeronaves e tiveram seus nomes envolvidos em acidentes foram banidas da União Europeia por não se adequar às regras de segurança.

Os dados da Aviaton Safety Network, que faz estatísticas sobre todos os modelos de aviões em circulação no mundo, mostram ainda que o pior desastre envolvendo o L-410 aconteceu na Rússia, em 26 de agosto de 1993. Todas as 24 pessoas a bordo morreram –embora a capacidade total do bimotor seja de 19 passageiros. No Brasil, o pior acidente foi registrado em 31 de março de 2006, no Rio de Janeiro, quando 19 pessoas morreram.

Apesar dos números desfavoráveis, a Noar Linhas Aéreas, proprietária do avião que caiu na semana passada, justificou a operação com duas unidades do modelo tcheco pela relação custo/benefício. “Quando analisamos qual aeronave iríamos comprar, levamos em consideração a viabilidade econômica e financeira, a segurança e a confiabilidade no equipamento. Ele é certificado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Aérea) e pelo órgão de segurança de aviação da Europa, atestando que está adequado para o voo”, afirmou o diretor de assuntos corporativos e comerciais da Noar, Giovani Farias.

O diretor de operações da companhia aérea, o comandante Marcos Sendim, foi mais longe na defesa do L-410. “Eu gostei desse avião desde o início. Colocaria minha família para voar nele sem medo. Aliás, minhas netinhas já viajaram nele várias vezes para o Rio Grande do Norte.”

Procurada pela reportagem, a GE Aviation, empresa que fabricou as aeronaves da Noar Linhas Aéreas, afirmou por email que “omotorturboélice M601 que alimenta esta aeronave apresentou segurança e tem um histórico de confiabilidade desde sua entrada no mercado. O motor tem acumulado mais de 17 milhões de horas de voo e está presente em mais de 30 aviões diferentes”.

A Aviaton Safety Network é um braço da Flight Safety Foundation, entidade sem fins lucrativos com sede em Virgínia, nos Estados Unidos. Criada em 1947, desenvolve atividades em pesquisa, educação, auditorias e outras áreas de atuação para promover melhorias da segurança aérea. Possui atualmente mais de 1.200 entidades membros em mais de 150 países.

Veja o local do acidente