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Polícia do Pará divulga nomes de três acusados por morte de extrativistas em abril

Sandra Rocha

Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belém

20/07/2011 13h59

A Polícia Civil do Pará anunciou nesta quarta-feira (20) que o assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo Silva, ocorrido em Nova Ipixuna (PA) em abril deste ano, foi motivado por disputa de terra.

Segundo a polícia, o mandante do assassinato foi José Rodrigues Moreira, 42. E os executores foram Lindonjonson Silva Rocha, 29, e Alberto Lopes do Nascimento, 29, conhecido como “Neguinho”. A Justiça até agora não atendeu aos pedidos de prisão.

Os principais indícios contra os acusados são testemunhos de pessoas que conversaram com os executores antes e depois do crime, uma máscara de mergulho usada por Lindonjonson e um acidente de moto em que este se envolveu antes do crime.

Uma das testemunhas contou ter conversado com os executores dois dias antes do crime, quando eles estiveram no local da execução. Pouco minutos depois do assassinato, a pessoa foi abordada novamente pela dupla, que pediu informação sobre a estrada.

Segundo o delegado Sílvio Maués, diretor de Polícia do Interior, o tempo decorrido entre o crime e o pedido de informação sobre a estrada é muito próximo da simulação feita durante a investigação.

Ele também apontou que durante o diálogo, Lindonjonson instruiu a testemunha sobre como obter o seguro DPVAT porque também já havia sofrido um acidente e recebido o valor. A informação estava registrada na Polícia.

Outro elemento que incrimina o executor é uma máscara de mergulho usada durante o crime. Ela é usada na mineração, atividade explorada pela família do acusado, pois um barco utilizado para esses fins foi encontrado no terreno de José Rodrigues.

“Entendemos que esclarecemos o crime. Juntamos elementos que demonstraram a dinâmica do assassinato. Indiciamos os três por homicídio duplo triplamente qualificado por causa do uso de arma de fogo, emboscada e motivo fútil”, disse Maués.

As conclusões da Polícia Civil do Pará ainda não convenceram o juiz de Marabá, Murilo Simão, a determinar a prisão dos acusados. Já foram feitos três pedidos, o último deles no último dia 14, baseado na conclusão do inquérito.

O primeiro pedido de prisão foi feito no início de junho deste ano, contra o mandante. Era apenas temporária. Na segunda vez, foi incluído o irmão de José Rodrigues, e, agora, com definição de prisão preventiva, o segundo executor.

Para o juiz, havia necessidade de mais indícios, mas para o delegado que presidiu o inquérito, Humberto de Melo Junior, a máscara, a ocorrência sobre o acidente de moto e o reconhecimento dos retratos falados já são o bastante.

Para o Ministério Público Estadual, os pedidos também já ensejavam as prisões. O delegado Sílvio Maués disse que se o juiz negar novamente, só cabe ao MPE contestar a decisão no Tribunal de Justiça do Estado.

Disputa por terras

O inquérito concluiu pela disputa por terra por causa do histórico de conflitos envolvendo o casal assassinado e o acusado de ser o mandante. Assentados em terreno comprado por José Rodrigues Moreira chegaram a ser ameaçados.
 
Conforme a investigação policial, Moreira começou a comprar lotes de terra na área de Praialta Piranheira em 2009. Um deles estava localizado em assentamento autorizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
 
O órgão federal foi acionado por colonos, mas não tomou providências. Já José Cláudio estimulou os assentados a ocuparem o terreno, mas eles acabaram sendo ameaçados de morte.
 
Segundo a Polícia Civil, a intimidação aos assentados chegou ao ponto de o acusado levar policiais militares até a casa de um colono. Como a intimidação não surtiu efeito, ele avisou que José Cláudio pagaria pelos problemas criados.
 
O delegado Sílvio Maués disse que, com esse histórico mais os indícios materiais do dia do crime foram descartadas as possibilidades de outro fazendeiro ter encomendado o crime ou do casal ter sido vítima de outros assentados ou, ainda, de viangança por envolvimento no assassinato de um homem identificado como Odilon.