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Em depoimento, vereador confessa que matou colega por ele ter chamado sua mulher de "gostosa", diz delegado

Janaina Garcia<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

10/08/2011 17h55

A palavra "gostosa” repetida várias vezes para se referir à mulher de seu colega de plenário teria sido o motivo do assassinato do vereador Rodrigo Ferdezoni (PV), de Franco da Rocha (Grande são Paulo), morto na tarde da última sexta-feira (5) durante uma romaria na cidade de Cajamar, também na região metropolitana.

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    Segundo testemunhas, o vereador Leozildo Barros (PT) disparou contra o colega

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    Baleado, o vereador Rodrigo Federzoni (PV) morreu no hospital

A informação é do delegado-assistente da seccional de Franco da Rocha, que participou, na tarde desta quarta-feira (10), da tomada de depoimento do vereador Leozildo Barros, conhecido como "Léo do PT" e apontado por testemunha como autor dos tiros que mataram Federzoni e deixaram duas pessoas feridas. Barros confessou o crime.

O parlamentar foi indiciado por homicídio duplamente qualificado --em razão de motivo fútil e sem chance de defesa para a vítima --e por duas tentativas de homicídio, pois outras duas pessoas que participavam da romaria também foram atingidas, ainda que sem gravidade.

Em entrevista ao UOL Notícias, o delegado afirmou que, no depoimento, o vereador confessou ter atirado no colega porque este o teria provocado com as insinuações sobre sua mulher, também presente à romaria. Segundo o laudo de necropsia feito esta semana, Federzoni recebeu quatro tiros de pistola 380; três deles, nas costas.

O parlamentar se apresentou à polícia hoje à tarde e fez exame de corpo delito depois de ficar cinco dias foragido. Ele já teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.

“Ele [Barros] confirmou que atirou depois de o Rodrigo ter mexido com a mulher dele; a chamou de ‘gostosa’ e teria insistido na brincadeira durante certo trecho da romaria”, disse o delegado. Ainda em depoimento, Barros afirmou ter visto Federzoni por as mãos na cintura, em sinal de que pegaria uma arma de fogo. A vítima, entretanto, estava desarmada. “As testemunhas depuseram e deram outra versão: a de que houve uma discussão, o vereador Léo deu um tapa no rosto do colega e, quando se virou, ele atirou”, afirmou o policial.

De acordo com o delegado, Barros não soube dizer por que levara uma arma de fogo a um evento de caráter religioso. A polícia suspeita, pelos relatos já ouvidos, que o vereador estava embriagado na ocasião. Também em depoimento, os dois romeiros baleados acusaram o parlamentar preso da autoria dos disparos.

Barros será levado hoje para a delegacia de trânsito de Cajamar. Amanhã, será transferido para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Franco da Rocha.

Ficha criminal e suplentes

Sobre eventuais passagens policiais anteriores de Barros, o delegado que chefia o inquérito, Rogério Thomaz, informou que ele respondeu a processo por ameaça, no ano de 2002, e foi indiciado por crime de peculato e dispensa ilegal de licitação, em 2009. Do primeiro caso, obteve arquivamento.

O vereador é ainda o atual presidente do sindicato dos comerciários de Franco da Rocha.

A assessoria da Câmara Municipal de Franco da Rocha informou que a convocação de suplente só poderá ser feita após o partido de Federzoni comunicar a Justiça Eleitoral sobre a vacância do cargo. Uma vez que o cartório emita a notificação ao Legislativo, começa o rito de posse do substituto. O presidente da Casa, vereador Antonio Lopes da Silva (DEM), disse pela assessoria que não vai se manifestar sobre o caso –que, na esfera política, pode culminar na cassação de mandato do parlamentar se configurada quebra de decoro.

A polícia e a Câmara não informaram quem faz a defesa de Barros.