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Militares e amigas de jovem morta em quartel no Recife "forjaram versão de bala perdida", diz delegado

Aliny Gama<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Recife

11/08/2011 09h57

Segundo o delegado que investiga o assassinato de uma garota em um quartel da Aeronáutica em Recife (PE) no último sábado (6), os militares da Aeronáutica e as duas amigas envolvidas no caso tentaram mudar a cena do crime.

Para o delegado Igor Tenório Leite, eles tentaram dar a falsa impressão de que Monique Valéria de Miranda Costa, 20, teria sido vítima de bala perdida na rua, e não morta dentro do quartel.

Nesta quarta-feira (10), as amigas da vítima Monique de Freitas da Silva, 21, e Mércia Cristina Vieira da Silva, 21, prestaram um longo depoimento e confirmaram que elas e os soldados que estavam no momento do disparo tentaram forjar que a vítima não teria sido morta dentro do Parque de Material da Aeronáutica (Pama).

Além de Monique de Freitas e Mércia Cristina, os pais das jovens prestaram depoimento à polícia.

Segundo o delegado, elas afirmaram à polícia que “foram coagidas a limpar o sangue do quarto do Hotel de Trânsito, onde estavam bebendo com os militares, para que fornecessem outra versão sobre o caso”, afirmou o delegado.

Os investigados devem ser indiciados por ocultação do local do crime.

Monique e Mércia reafirmaram que não sabiam que a pistola estava carregada ao manusearem a arma. As duas também contaram que os soldados saíram correndo do local do crime e depois voltaram para combinar uma versão do caso, que livrariam todos do envolvimento do crime.

“Elas disseram que os soldados pressionaram para que elas inventassem outra versão, que Monique teria sido vítima de bala perdida numa rua próxima ao quartel, e que isso iria ajudá-las a confirmarem a versão fantasiosa. O tiro que atingiu Monique foi fatal e ela morreu na hora; ninguém tentou socorrê-la, e eles apenas limparam o sangue do local para ocultar a cena do crime e colocaram a jovem dentro do carro de um dos rapazes”, disse o delegado responsável pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Tenório Leite informou que nesta quinta-feira (11) deve ouvir os pais da vítima. Nesta sexta-feira (12) será a vez dos três soldados da Força Aérea Brasileira.

A polícia pernambucana investiga se houve facilitação na entrada das jovens ao quartel e se existem outros militares envolvidos no caso.

Em nota, a Aeronáutica informou que está investigando a entrada das jovens no quartel e como elas pegaram as armas.

 A morte

De acordo com familiares, Monique Valéria e as amigas Monique de Freitas e Mércia Cristina saíram para se divertir na noite do último sábado e informaram que iriam para um clube em Recife.

As jovens contaram que no caminho foram convidadas por um soldado para uma festa particular dentro do quartel da Aeronáutica com mais dois colegas de farda.

Em uma festa regada a bebidas alcoólicas, as jovens tiveram acesso a duas armas usadas pelos soldados e ficaram manuseando o armamento.

Elas posaram para fotos com uma pistola de 9mm, de uso exclusivo da Aeronáutica.

Segundo a polícia, as garotas contaram que Monique de Freitas manuseou a pistola e de forma acidental efetuou um disparo que acabou atingido e matando a amiga Monique Valéria.

As jovens e os três soldados afirmaram em uma primeira versão à polícia que a garota teria sido vítima de bala perdida, mas a informação foi desmentida horas depois.

Uma das mulheres entrou em contradição no depoimento e terminou confessando que Monique Valéria foi atingida por um tiro acidental vindo da arma de um dos soldados, e que elas estavam dentro de um dos quartos do Hotel de Trânsito da Aeronáutica.

Os militares foram presos em flagrante e estão detidos no quartel da Força Aérea Brasileira (FAB).