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Polícia indicia soldados e autora de disparo que matou jovem em quartel da Aeronáutica no Recife

Aliny Gama<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>No Recife

15/08/2011 15h59

A Polícia Civil de Pernambuco indiciou os três soldados da Aeronáutica e as duas amigas que estavam com a jovem Monique Valéria de Miranda, 20 anos, morta por um tiro de pistola deflagrado dentro do hotel de trânsito do Parque de Materiais da Aeronáutica do Recife, na madrugada do último dia 7.

Os soldados Bruno Lima, Eliedson Paulo e Gleison Gonzaga dos Santos, além da jovem Monique de Freitas, 21, que teria atirado e matado acidentalmente Monique Valéria, foram indiciados por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

O grupo e a outra amiga da vítima, Mércia Cristina Vieira da Silva, 21, também vão responder pelo crime de fraude processual – por terem mudando a cena do assassinato ao limpar o quarto onde Monique Valéria levou o tiro e terem forjado que ela foi baleada em uma das ruas do bairro do Ibura, próximo ao quartel.

Esta semana um militar da Aeronáutica que estava de plantão no quartel no dia do crime deverá depor na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O delegado Igor Tenório Leite, responsável pelas investigações do caso, disse acreditar que o depoimento deverá elucidar alguns pontos do caso.

“Os soldados foram bastante controversos em seus depoimentos, mas não temos dúvida de que Monique foi morta dentro do quartel. Primeiramente, as amigas dela deram informações fantasiosas, mas depois confessaram que a jovem morreu dentro da suíte do hotel de trânsito e foram pressionadas para dar outra versão do caso”, disse o delegado.

Os depoimentos dos soldados foram demorados e se estenderam até a noite da sexta-feira (12). O soldado Gonzaga, responsável pela arma que matou Monique Valéria, disse à polícia que Monique de Freitas pegou a pistola de 9 mm sem sua autorização e começou a manusear na direção da amiga. Ele alegou que recarregou a arma porque tinha assumido o plantão de guarda do quartel.

“As jovens contaram que a pistola estava sem munição quando tiraram as fotos, mas que em um certo momento o soldado Gonzaga saiu do quarto para bater o cartão de ponto e, quando voltou, tinha recarregado a pistola sem elas saberem”, disse o delegado, completando que o soldado Gonzaga alegou que Monique puxou a arma sem autorização e que “o militar  não teve tempo de avisar que a arma estava recarregada”.

Outros depoimentos

Na quinta-feira (11), os pais de Monique Valéria, Rogério Siqueira e Vilma de Miranda, prestaram depoimento ao delegado Igor Leite. O casal disse acreditar na versão de que Monique de Freitas teria atirado e matado a filha deles acidentalmente. Durante o depoimento na DHPP, Vilma passou mal e foi socorrida, mas passa bem.

Logo depois, Vilma teria afirmado acreditar na versão de tiro acidental e disse que vai processar a Aeronáutica. “Eu tenho certeza de que as meninas foram vítimas igual a minha filha. Porque do mesmo jeito que minha filha foi morta ela poderia ter feito com as outras amigas, as garotas estavam colocando a arma na cabeça uma das outras.”

O pai da vítima, Rogério Siqueira, criticou o fato de os soldados terem sido libertados e disse que a família vai processar o Estado e a Aeronáutica. “Esses rapazes não têm capacidade de assumir uma profissão porque entregaram a arma nas mãos de três moças sem elas saberem que estava carregada. A gente vai processar a Aeronáutica e pedir Justiça. Quero que esses três soldados sejam expulsos.”.

Já as amigas da jovem assassinada foram interrogadas na quarta-feira (10) e contaram que foram pressionadas a contar que Monique teria sido atingida por uma bala perdida em uma das ruas próximas ao quartel. As jovens disseram que os soldados mandaram elas limparem o quarto que estava sujo de sangue e levaram Monique para uma policlínica no Ibura, onde contaram que pediram socorro no quartel.

A versão foi derrubada na manhã seguinte ao dia do crime, quando Mércia Cristina e Monique de Freitas prestaram novo depoimento na delegacia de plantão e entraram em controvérsia. Monique Valéria foi sepultada no cemitério do bairro da Muribeca, no Recife, na tarde do último dia 7.