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Casal suspeito de manter mulher em cárcere por 24 anos é indiciado por outro sequestro

Rayder Bragon<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belo Horizonte

24/08/2011 14h27Atualizada em 24/08/2011 20h54

A Polícia Civil mineira indiciou nesta quarta-feira (24) o casal suspeito de ter sequestrado uma menina de 7 anos em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte), por sequestro e cárcere privado e confecção de registro falso.

O crime ocorreu em uma feira de artesanato na cidade mineira no último dia 7. A menina foi devolvida na porta de casa de parentes três dias após a divulgação na imprensa do retrato falado da mulher que a levou do local.

Na casa dos suspeitos a polícia encontrou uma jovem de 25 anos que teria sido mantida em suposto cárcere privado desde o 1º ano de vida e posteriormente apresentada como filha do casal.

Por esse suposto crime, a dupla poderá responder por cárcere privado e estelionato, já que há suspeita de os indiciados terem se beneficiado financeiramente da reclusão da moça. O inquérito ainda não foi concluído.

De acordo com a polícia, a vítima, que completou 25 anos recentemente, é na verdade prima da acusada --que teria reconhecido em depoimento não ser mãe biológica dela. Há suspeita de que ela tenha sido mantida sob vigilância com uso de medicamentos. 

Neli Maria Neves, 53, tida como mentora do sequestro da menina de sete anos, e o companheiro, o policial militar reformado Jair Narcizo de Lacerda, 65, estão presos na capital mineira.

Eles ainda falsificaram a certidão de nascimento da menina de sete anos argumentando que se tratava de um “registro de nascimento tardio”. Conforme a polícia, a idade da menina foi reduzida para cinco anos no documento fraudado.

Para a delegada Cristina Coeli, chefe da Divisão de Proteção à Pessoa Desaparecida, o intuito do casal era “obter benefícios indevidos” da previdência da Polícia Militar mineira, em situação que seria análoga à da jovem de 25 anos, que é dependente do policial reformado, por ter sido considerada “incapaz mentalmente” e receberia uma pensão do Estado por essa situação.

O estado mental da vítima está sendo investigado. Há suspeita de que os atestados médicos que comprovariam sua deficiência mental tenham sido forjados. A moça prestou depoimento à polícia, e as investigações sobre o caso terão continuidade.

De acordo com a polícia, foi comprovado que ela já trabalhou com carteira assinada, sendo que a renda era revertida à aposentada, além de ela ter concluído o ensino médio. A reportagem do UOL Notícias não conseguiu localizar os advogados dos suspeitos.