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Em estado de calamidade, Rio do Sul (SC) adota toque de recolher para conter onda de saques

Léo Pereira*

Especial para o UOL Notícias<br>Em Florianópolis

12/09/2011 09h53

Autoridades de Rio do Sul (a 186 km de Florianópolis) resolveram implantar um toque de recolher no município. A medida foi tomada por órgãos de segurança para tentar conter uma onda de furtos. Assim, quem estiver circulando na cidade a partir das 21h e 6h, sem justificativa, será abordado por policiais para que retorne para sua casa.

"Queremos mostrar que, mesmo com a tragédia, a cidade está sob controle. Infelizmente, há pessoas que não tem sensibilidade", disse o prefeito de Rio do Sul, Milton Hobus (PSD), sobre o toque de recolher, que vigora desde sexta-feira e que continuará por tempo indeterminado. As lojas e agências bancárias continuam fechadas.

Em um dos crimes registrados no município, três homens utilizaram um bote pelas ruas alagadas para levar  medicamentos de uma farmácia na madrugada de sexta-feira (10). "Eles disseram ao vigia que os remédios eram para um hospital", revelou Adilson Gerner, gerente do estabelecimento, que ainda não calculou o prejuízo.

O município ainda sofre bastante com as fortes chuvas que caíram na semana passada. Aproximadamente 18 mil pessoas tiveram que deixar suas casas por causa da enchente, sendo que 3.000 foram deslocados para abrigos municipais. Mais de 80% da cidade ficou alagada.

Nesta segunda-feira (12), foram reabertos oito postos de saúde da cidade. Em 17 colégios que ficaram embaixo d'água, foram iniciados os trabalhos de limpeza para a volta às aulas. A retirada dos entulhos também é prioridade. "É um cenário de guerra, então precisamos fazer várias frentes", declarou Hobus.

Em Brusque, também no Vale do Itajaí, o prefeito Paulo Eccel (PT) tentará a liberação de recursos junto à União em Brasília, nesta segunda (12). Já em Blumenau, o rio Itajaí-Açu baixou para 6,9 metros, na medição feita às 8h, mas segue o estado de alerta até o nível chegar a 6 metros.

A Secretaria de Educação informa que algumas escolas estaduais estarão com as aulas suspensas neste início de semana nos núcleos de Blumenau, Itajaí e Brusque.

Números

De acordo com o último boletim divulgado pela secretaria estadual da Defesa Civil, divulgado nesta manhã, mais de 935 mil pessoas foram atingidas pelas chuvas, em 91 cidades catarinenses. Quase 160 mil pessoas ficaram desalojadas, e 15 mil tiveram que deixar suas residências e ir para abrigos municipais.

O relatório aponta 36 cidades em situação de emergência, e nove em estado de calamidade pública (Agronômica, Brusque, Rio do Sul, Ituporanga, Aurora, Presidente Getúlio, Laurentino, Lontras e Taió). Até o momento, três mortes foram confirmadas pela Defesa Civil.

A semana começa com frio e tempo seco, com o predomínio de sol, em Santa Catarina. Segundo a Defesa Civil, a situação no estado volta aos poucos à normalidade. O tempo bom nas últimas horas facilitou o trabalho das equipes de resgate.

Levantamento da Defesa Civil mostra que em alguns municípios a situação ainda é crítica. Em Taió, onde 3.000 pessoas foram atingidas, a dificuldade é prestar socorro às vitimas, principalmente pelas condições das estradas e pela falta de comunicação por telefonia fixa e móvel.

No município de Ascurra, foram afetadas mais de 7.000 pessoas. Em Agronômica, todo o comércio e as indústrias está praticamente destruído. Estão sendo utilizados barcos para distribuição de alimentos e água.

Em Aurora, há 3.500 pessoas afetadas. Ao município de Rio do Oeste, só é possível chegar por um acesso secundário.

Em São Martinho, duas rodovias estaduais estão comprometidas. Em Laurentino, a energia elétrica e os telefones foram restabelecidos, mas o município continua isolado.

Prejuízos

A Secretaria da Infraestrutura de Santa Catarina espera ter uma avaliação dos prejuízos em uma semana. As secretarias de Desenvolvimento Regional de Rio do Sul, Blumenau, Ituporanga, Ibirama, Timbó, Ibirama, Brusque e Itajaí têm até sexta-feira (16) para apresentar um relatório detalhado dos problemas em estradas estaduais e municipais.

O secretário de Infraestrutura, Valdir Cobalchini, informou por meio da sua assessoria, que só após a avaliação da situação poderá definir as ações. “Desobstrução de rodovia não pode esperar porque é emergência e as obras já estão sendo feitas. Já ações como reparos em rodovias serão definidas até o final da semana”.

Segundo o secretário, só após essas avaliações será possível estipular os valores necessários para a recuperação das rodovias estaduais e também auxiliar os municípios mais atingidos. Para conseguir os recursos, será necessário recorrer aos governos estadual e federal.

*(Com informações da Agência Brasil)