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Parque do Rola-Moça, em Belo Horizonte, completa 17 anos com pior incêndio de sua história

Rayder Bragon<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belo Horizonte

27/09/2011 12h30

O parque estadual do Rola-Moça, considerado uma das mais importantes áreas de preservação ambiental do Estado de Minas Gerais, completa nesta terça-feira (27) 17 anos de criação e registra o pior incêndio desde a sua criação, em 1994.

Segundo o gerente do parque, o biólogo Marcus Vinícius de Freitas, ainda não se sabe exatamente a área que foi queimada já que o combate aos focos de incêndio –que se iniciaram na última sexta-feira–, ainda não terminaram. Mas Freitas estima que a destruição vai ultrapassar 80% da área, número que vinha sendo divulgado pelo Corpo de Bombeiros do Estado.

“A área vai ser maior porque ainda está queimando. Desde a sua criação, é o maior incêndio da história do Rola-Moça”, afirmou o responsável por uma área de 4.000  hectares localizada nos municípios de Belo Horizonte, Brumadinho, Nova Lima e Ibirité. O local é considerado a terceira maior reserva em área urbana do país.

No local existiam espécies da flora endêmicas (somente registradas no local), além de animais ameaçados de extinção como a onça parda, a jaguatirica, o lobo-guará, o gato-do-mato, o macuco e o veado campeiro, informou o IEF (Instituto Estadual de Florestas).

Segundo Freitas, o fogo teve origem na ação ‘direta ou indireta’ do homem. “Esses focos de incêndio que ocorreram aqui tem como causa a ação direta ou indireta do homem. Isso não foi natural. Ou foi alguém que deliberadamente ateou fogo na mata, ou alguém que tentou fazer uma queima controlada, mas não calculou que isso tomaria a dimensão que tomou.”

Apesar de o IEF estabelecer quais ações devem ser tomadas para que a área destruída seja recuperada –como o plantio de mudas de biomas da Mata Atlântica e do Cerrado–, a recomposição da vegetação poderá levar anos.

“Tem coisa que pode ser irrecuperável. Podem ter sido atingidas pelas chamas espécies que ainda nem foram catalogadas pela ciência. Temos aqui a presença de várias espécies que crescem apenas um centímetro por ano. Isso pode levar 15, 20 anos, ou mais para se recuperar. Além disso, há a raridade do Campo Ferruginoso e espécies de cactus que só ocorrem aqui”, relatou Freitas, para completar que somente após um estudo mais preciso será possível avaliar na totalidade o dano causado à flora e à fauna da reserva.

Apesar de a maioria das chamas terem sido debeladas, ainda há dois focos de incêndio no local, perto de nascentes que irrigam mananciais responsáveis por 40% do abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o Corpo de Bombeiros, 87 bombeiros e 68 brigadistas, além de quatro aeronaves, realizam o trabalho de combate.

“Esses dois focos de incêndio preocupam porque estão dentro de área de mata ciliar, de mata de galeria, que é a Mata Atlântica. Aqui é uma área de transição entre o bioma Mata Atlântica e o bioma cerrado”, afirmou Freitas.

Outro incêndio, na Serra do Curral, um dos cartões-postais da capital mineira, devastou 100 mil metros quadrados de vegetação do local, conforme dados dos bombeiros, que afirmam terem encerrado os trabalhos na área, na noite de ontem.

Estiagem

Com mais de cem dias sem chuvas significativas principalmente no Triângulo Mineiro, norte e noroeste de Minas Gerais, o número de queimadas já é 16% maior que no mesmo período do ano passado.

De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram registrados 9.639 focos de queimadas, entre janeiro deste ano e ontem, ante 8.297 listados no mesmo período de 2010.

O meteorologista Arthur Chaves de Paiva Neto, da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), informou que há previsão de chuvas mais significativas e com mais frequencia somente em outubro. “Chuva para significativa para a gente [Cemig] é acima de 5mm por dia”, explicou.

Neto ressaltou que não há registro de chuvas com maior volume na região metropolitana de Belo Horizonte desde o dia 9 de junho. “A próxima frente fria chega ao Estado no domingo, mas essa frente fria vai trazer chuva significativa somente para o sul de Minas Gerais”, finalizou.