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Após madrugada de protestos, comerciantes do Brás começam a abrir portas; dois são presos

Débora Melo<br>Do UOL Notícias*<br>Em São Paulo

26/10/2011 10h24Atualizada em 26/10/2011 12h03

Após protestos e confrontos na madrugada desta quarta-feira, os camelôs que trabalham na Brás, no centro de São Paulo, estão dispersos pela região. Mais cedo, dois deles foram presos por depredação. Alguns comerciantes estão com as portas entreabertas, prontos para fechar caso recomecem as manifestações violentas.

Desde ontem (25), os ambulantes protestam contra a fiscalização ao comércio na região. Eles querem trabalhar na Feira da Madrugada sem serem perturbados por fiscais. Os camelôs dizem que foram pegos de surpresa com o anúncio do fim da Feira da Madrugada. Segundo eles, na madrugada de segunda-feira, fiscais puseram faixas em alguns pontos da rua Oriente comunicando do fim da feira.  A Polícia Militar, porém, afirma que avisou os ambulantes há um mês sobre o fim da feira.

As lojas da rua Barão de Ladário e Oriente estão fechadas, e todos os funcionários na rua. Alguns comerciantes disseram ao UOL Notícias que são solidários aos camelôs, apesar dos prejuízos. Para Felipe Benevenuto Gonçalves, 30, dono de um comércio na rua Monsenhor Andrade, a prefeitura deveria deixar os camelôs trabalharem.

“Foi o comércio ambulante que alavancou o comércio na região”, afirma. Ele relativiza o prejuízo, dizendo que mesmo que abrisse hoje, não teria lucro, devido aos confrontos entre camelôs e a polícia. Outro comerciante, Hani Ihlal, 28, considera a concorrência com os ambulantes "desleal", já que os comerciantes regulares do Brás pagam impostos. "Mas acho que todo mundo tem o direito de trabalhar."

Ocupação

Segundo o major Wanderley Barbosa Filho, a Polícia Militar ficará na região por tempo indeterminado. O efetivo atual, reforçado, é de 800 PMs por dia (divididos em dois turnos), 52 carros de polícia e um helicóptero. Esse efetivo atuará 24 horas, segundo o major, para impedir bloqueios no trânsito como o da madrugada de hoje.

Mais cedo, os PMs usaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os ambulantes que bloqueavam a Avenida do Estado junto à Rua São Caetano, por volta das 7 horas. Antes disso, os camelôs e a PM já haviam entrado em confronto na Rua Oriente, onde, por volta das 5h45, balas de borracha e bombas de efeito moral foram utilizadas pelos policiais para dispersar os manifestantes.

Confronto e quebra-quebra

Um grupo de camelôs depredou lojas que estavam abertas. Alguns manifestantes atiraram pedras contra vitrines e levaram roupas que estavam expostas. Um ônibus que passava pelo local também foi apedrejado e teve um vidro quebrado. As pedras atingiram também um PM que acompanhava o protesto, por volta das 9h40.

A Avenida do Estado, que chegou a ser interditada pelos camelôs por duas vezes na manhã de hoje, já está liberada para o tráfego. Por conta das manifestações, o sentido Ipiranga da Avenida do Estado apresentava tráfego lento entre as Ruas Mercúrio e João Teodoro. A Feira da Madrugada funcionava normalmente, mas algumas lojas da região estavam com as portas fechadas ou entreabertas.  Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), os manifestantes passavam pela rua Monsenhor de Andrade, onde está uma das entradas para a Feira da Madrugada, e pelas ruas João Teodoro e João Jacinto.

*Com informações da Agência Estado