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Feitas para agilizar, esteiras rolantes são desligadas em horários de pico no metrô de São Paulo

Fernando Mendonça<br>Do UOL Notícias<BR>Em São Paulo

01/11/2011 07h00

A estação Paulista da linha amarela do metrô de São Paulo tem seis esteiras rolantes para atender aos usuários, que, ali, podem trocar de estação e de linha –da amarela para a verde e vice-versa. Nos dias úteis, porém, nos horários de maior movimento, parte das esteiras é desligada.

Durante cinco dias de uma semana útil, de 17 a 21 de outubro, dois jornalistas do UOL Notícias percorreram as esteiras instaladas no trajeto de 300 metros que separam as estações Consolação e Paulista, em horários diferentes, para saber como andavam (ou não) os passageiros. Verificou-se que em nenhum dos cinco dias todas as esteiras estavam em operação simultaneamente.

“Elas são desligadas por segurança”, afirmou um agente do metrô que acompanhava o movimento dos passageiros entre duas esteiras e pediu para não ser identificado.

“Quando o movimento ‘bomba’, se as esteiras estiverem ligadas as pessoas acabam se atropelando lá no final.” Lá no final significa o começo da escada rolante, onde passageiros costumam se aglomerar antes de descer.

Em nome da segurança dos usuários, todas as manhãs em que o UOL Notícias esteve na estação Paulista as duas esteiras rolantes para quem seguia da linha verde (Consolação) para a amarela (Paulista) estavam desligadas.

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  • Diogo Leite/Você Manda UOL

    Foto enviada por Diogo Leite mostra aglomeração antes dos bloqueios da estação Faria Lima (linha 4)

Também nos cinco dias, no final da tarde, não funcionou pelo menos uma das quatro esteiras que deveriam levar os usuários da linha amarela para a verde.

A informação do agente sobre segurança é endossada pela ViaQuatro, concessionária responsável pela gestão das estações da linha amarela. Nos horários de maior movimento as esteiras são mesmo desativadas para não haver tumulto entre os usuários, informou a empresa.

As seis esteiras rolantes da estação Paulista têm 40 metros de extensão cada uma e deslizam à velocidade de 2,2 km/h, inferior à média da caminhada de uma pessoa, que é de 4 km/h. Segundo o Metrô, a capacidade máxima das esteiras é de 20 mil usuários por hora.

O fluxo na estação Paulista é de cerca de 4.900 passageiros por hora. Por esse número, médio, não haveria necessidade de desligá-las.

“Sempre é assim, as esteiras não funcionam, um dia a escada rolante sobe, no outro desce, isso aqui é uma bagunça”, disse o securitário Álvaro Lima de Araújo, 32, que havia embarcado na estação Vila Mariana (linha azul), trocado para a linha verde na estação Paraíso e acabara de caminhar pela esteira –parada– rumo à estação Paulista (linha amarela), de onde seguiria para a Butantã.

Segundo a ViaQuatro, para melhorar a fluidez dos deslocamentos dos usuários no trecho de conexão entre as duas estações, o sentido das escadas rolantes é alterado de acordo com o fluxo de passageiros ao longo do dia, e isso ocorre várias vezes. 

Sempre é assim, as
esteiras não funcionam, um
dia a escada rolante sobe,
no outro desce, isso aqui é
uma bagunça

“Essa estação parece filme de guerra, com aqueles guardas gritando pra que lado ir, pra não correr, pra fazer isso, não fazer aquilo, é uma m...”, afirmou Araújo, admitindo, porém, que a culpa não é dos 'guardas'. “Quem projetou essa estação deveria voltar para a faculdade”, disse.

Os 'guardas' citados por Araújo são os 14 agentes de segurança que se distribuem durante o trajeto dos passageiros para orientá-los e evitar que sigam por caminhos errados dentro da estação Paulista.

Alguns desses agentes usam megafone para falar à multidão de passageiros. Nem todos aprovam, como é o caso do securitário.

Essa estação (Paulista) parece filme de guerra, com aqueles guardas gritando pra que lado ir, pra não correr, pra fazer isso, não fazer aquilo,
é uma m...

Linha lilás

O Metrô de São Paulo, responsável pelas especificações das estações, informou que não houve erro de projeto na passagem da estação Consolação para a estação Paulista, dimensionada para operar em conjunto com a futura estação Chácara Klabin da linha lilás.

Segundo a companhia, ocorre que o primeiro trecho da linha amarela (entre o Butantã e a Luz) foi concluído antes do prolongamento da linha lilás (entre o Largo Treze e a Chácara Klabin), cujas obras estão em andamento.

Com a conclusão dessa linha, diz o Metrô, os usuários da região sul de São Paulo poderão deslocar-se direto para a estação Santa Cruz (linha azul) ou para a Chácara Klabin (linha verde), equilibrando, assim, a rede.

O trecho inicial da linha lilás foi entregue há nove anos e vai do Capão Redondo ao Largo Treze. O segundo trecho, em obras, ligará o Largo Treze às estações Santa Cruz (linha azul) e Chácara Klabin (linha verde). Isso, porém, daqui a três anos, em 2014. Até lá, as esteiras da estação Paulista continuarão sendo desligadas.