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PF apreende lixo hospitalar e R$ 320 mil com sócio de empresa exportadora americana em Fortaleza

Carlos Madeiro

Do UOL Notícias, em Maceió

20/12/2011 18h40

Dois meses após a apreensão de dois contêineres repletos de lixo hospitalar vindos dos EUA para Pernambuco, a Polícia Federal realizou uma operação, nesta terça-feira (20), e voltou a apreender lençóis com logotipos de hospitais americanos. O material estava em uma casa e em três empresas com sede em Fortaleza, onde também foram apreendidos R$ 320 mil em dinheiro, documentos e computadores. O lixo hospitalar estava em posse do representante no Brasil da empresa norte-americana que exportou o material, que não foi preso.  

A descoberta do material foi feita durante o cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco. Policiais federais de Pernambuco e do Ceará cumpriram as determinações em três bairros da capital cearense: Meireles, Álvaro Wayne e Henrique Jorge.

O alvo das buscas foi a casa do sócio-administrador da empresa Tex Port Inc, com sede nos EUA, e empresas de sua família. Segundo as investigações da PF sobre o envio do material para o Brasil, a empresa norte-americana era a responsável pela exportação do lixo hospitalar norte-americano.

Nos locais visitados pelos policiais foram apreendidos lençóis similares aos encontrados no interior dos contêineres e nos galpões da empresa Império do Forro do Bolso, de Santa Cruz do Capibaribe (a 195 km de Recife), responsável pela importação e venda do material em Pernambuco.
 
Segundo a PF, as empresas da família do empresário –que não teve o nome revelado– são investigadas e também estariam envolvidas na comercialização do lixo hospitalar.

Além dos lençóis hospitalares, também foram apreendidos na operação cerca de R$ 320 mil em dinheiro, além de computadores e documentos comerciais de importação e exportação de tecidos. Todo o material apreendido está sendo levado para a sede da Polícia Federal em Recife, onde passará por perícia e uma analise técnica. Todo o material será apresentado em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (21).

O empresário responsável pela exportação não foi preso, mas foi notificado e deve apresentar seu passaporte à Justiça em 24 horas. Segundo a PF, ele não poderá ausentar do Estado do Ceará sem autorização judicial.

O caso

Os dois contêineres com lixo hospitalar foram descobertos por inspetores da Alfândega da Receita Federal no início do mês de outubro, no Porto de Suape (PE). A carga de 46,6 toneladas foi apreendida e deve ser devolvida, em janeiro, aos EUA. Segundo perícia técnica feita a pedido da Justiça, o material apreendido se tratava de lixo hospitalar e, por isso, deve ser devolvido ao país de origem.

Para enganar a Receita Federal, o lixo hospitalar era importado como “tecidos de algodão com defeito”. Após a descoberta da carga irregular, fiscais da Vigilância Sanitária visitaram os galpões da empresa importadora do material –a Império do Forro de Bolso– em Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama. Em todos foram encontrados retalhos de tecido com manchas, que seriam de sangue e fezes. Em pelo menos seis Estados do Nordeste foram apreendidos material semelhante nos dias seguintes.

Após a fiscalização, a Apevisa (Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária) interditou os três galpões. Já o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis) multou a empresa em R$ 6 milhões pelos danos ambientais da importação ilegal do material para o país. Uma comissão especial da Câmara dos Deputados também passou a investigar o caso e luta pela devolução do lixo hospitalar.  
    
O dono da Império do Forro de Bolso, Altair Teixeira Moura, disse ao UOL Notícias, em outubro, que foi vítima de um golpe e que importaria apenas tecido hospitalar limpo. Ele tenta, junto com seus advogados, devolver a carga para os EUA, responsabilizando a empresa exportadora.