Estiagem no Sul já provoca falta de água potável para animais e moradores
Municípios dos Estados do Sul do Brasil que vêm sofrendo com a estiagem já começam a contabilizar falta de água potável (própria para consumo) para animais e até para parte da população. É o caso de Chapecó, no sul catarinense, e de Cristal do Sul, no norte gaúcho.
Em Chapecó, a falta de chuva já supera 60 dias e, além de a produção de grãos estar comprometida, a água para o gado leiteiro e para a criação de frangos começa a ficar escassa.
As propriedades rurais já estão sendo abastecidas por caminhão pipa, e, a cada dia que passa, mais produtores necessitam de auxílio. Já são 2.048 pequenos agricultores sobrevivendo à seca.
A estimativa da prefeitura é de que o prejuízo do município esteja em R$ 51 milhões, número que vem subindo. No município catarinense, 183.561 pessoas estão sendo afetadas.
Já na cidade gaúcha de Cristal do Sul a situação é ainda mais complicada. “Estamos com 80% do milho e 50% da soja comprometidos. Além disso, metade do nosso rebanho de gado leiteiro já sofre com a falta d’água. Todo dia [a produção na] ordenha diminui, já que 90% da pastagem está comprometida”, disse o prefeito, Plínio Cardoso (PP).
A alternativa é a destinação de caminhões pipa para saciar a sede dos suínos nos criadouros e a construção de 80 bebedouros para o gado. “Estamos tentando achar mais um restinho de água no fundo dos açudes”, afirmou Cardoso.
O município, essencialmente rural, também vê, impotente, a produção de uva e cítrico minguar. “A uva está seca, e a laranja, cujo ciclo está pela metade, já tem pés secando.”
A prefeitura está instruindo a população a economizar água. A última chuva que caiu em Cristal do Sul foi em novembro. Desde então, há no máximo pancadas isoladas que só servem para “lavar o solo”, conforme o prefeito. “Nossas perdas estão em R4 12 milhões. Isso que o orçamento da nossa produção é de 15 milhões.”
Dos 2.800 habitantes do município, 1.600 estão sendo diretamente prejudicados pela escassez de água, conforme relatório enviado à Defesa Civil do Rio Grande do Sul.
Endividamento
Assim como diversos municípios do interior gaúcho, Cristal do Sul conta ainda com outro problema. Como as duas últimas safras foram relativamente melhores, muitos produtores optaram por plantar esse ano sem financiamento – com dinheiro próprio –, o que impossibilita o resgate do seguro agrícola.
“Os que não financiaram estão devendo o que compraram para plantar no comércio local e ainda não terão dinheiro para pagar”, afirmou o prefeito.
Mas quem está segurado também passa por um dilema. Se em janeiro chover, ainda dá para plantar grãos. Porém, os bancos precisam “liberar” as lavouras para a limpeza e replantamento.
Após o segurado procurar a instituição para obter recursos, uma equipe de técnicos vistoria sua propriedade. O receio dos produtores de Cristal do Sul é que esse trabalho não seja realizado em tempo hábil e impossibilite o replantio.
Para tentar atenuar a situação, o poder municipal está incentivando que os produtores armazenem o que der para aproveitar para que sirva de alimento aos animais durante o inverno. “Agora é a hora do poder público subsidiar as obras. Estamos auxiliando que sejam feitos silos para o armazenamento do que der para se aproveitar.”
Previsão do tempo
Neste fim de semana, há a possibilidade de pancadas de verão na metade norte gaúcha. Existe também a chance de queda de granizo em pontos localizados. Já para o fim da primeira quinzena de janeiro, é esperado um quadro de maior instabilidade, com precipitações fortes, podendo trazer alívio para alguns municípios que sofrem com a estiagem, conforme a empresa de meteorologia MetSul.
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