Topo

Famílias de desabrigados pelas chuvas no RJ reclamam de demora para ajuda

Rodrigo Teixeira*

Do UOL, em Campos (RJ)

07/01/2012 14h45

Famílias de desabrigados pela inundação que atingiu o bairro de Três Vendas, em Campos dos Goytacazes, no norte do Estado do Rio de Janeiro, reclamam da demora no cadastro e da burocracia para serem incluídas em programas sociais.

Para a moradora Jeselene Monteiro, a falta de informações e capacitação dos responsáveis prejudica o andamento da burocracia.  Ela divide uma sala de aula com as duas filhas, uma delas com deficiência mental, o ex-marido,  dois irmãos e o cunhado.

“Sempre que vou na Secretaria falam que falta algum papel, fico indo de um lado para o outro eu não sei o que fazer, minha filha tem deficiência mental, quero um futuro melhor para ela“, disse.

A coordenadora do abrigo, Cristiane Versiane, disse que a espera é necessária para que não ocorram fraudes nos cadastros.

“Eu posso dizer que o socorro imediato a esta família foi dado, mas agora temos que esperar a água baixar, aguardar o laudo da Defesa civil dizendo se a casa será interditada, para ver se ela tem direito ao aluguel social, não posso precisar a situação do cadastro dela na habitação, mas aqui no abrigo ela está sendo atendida” disse Versiane.

Localização do dique rompido em Campos

  • Arte UOL

Além da família de Joselene, outras 20 estão abrigadas na escola municipal Albertina Azevedo, no bairro de Travessão, a 15 quilômetros da área alagada.

Outra desabrigada que prefere não se identificar disse que não consegue dormir direito por causa do colchonete, por ser muito fino dá a impressão de que dormem no chão.

Nível da água está baixando

O nível da água da região de Três Vendas baixou 20 centímetros de ontem para hoje. A informação foi dada neste sábado pelo subsecretário de Defesa Civil do município, major Edson Pessanha, que está no local.

"Torcemos para que não chova nas cabeceiras. De ontem para hoje o nível da água em Três Vendas baixou 20 cm. A nossa previsão é de que até amanhã baixe cerca de 1 metro, se não chover e a vazão continuar a mesma", disse.

De acordo com Pessanha, em Cardoso Moreira, município próximo a Três Vendas, o rio Muriaé já está em sua caixa normal. "O que facilitou [a baixa da águ] foi a maré baixa e o vento nordeste à favor no encontro desse volume de água com o mar", explicou.

A área foi completamente alagada depois que um trecho da rodovia BR-356, que serve como barragem para conter as águas do rio Muriaé, se rompeu, criando uma cratera de aproximadamente 20 metros. Cerca de 1.000 famílias moram na região.

Saída forçada

A Defesa Civil de Campos encontra dificuldades para retirar as cerca de 500 famílias que permanecem em Três Vendas. Segundo Henrique Oliveira, a distribuição de energia elétrica na região foi interrompida a fim de forçar a saída das pessoas que se refugiaram nas lajes de suas residências.

"Há previsão de mais chuva durante todo o verão e as estruturas das casas podem não aguentar. Vamos de casa em casa de barco, com assistentes sociais, tentar convencer as pessoas sobre os perigos de doenças como a dengue, a leptospirose e explicar que essa situação deve se manter durante muitos dias ainda", afirmou.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de chuvas fortes no Estado do Rio, sobretudo nas regiões serranas, norte e noroeste.

Mapa mostra as cidades afetadas pela chuva no norte do Rio de Janeiro