PM prende 69 pessoas e apreende 0,637 kg de crack durante operação em São Paulo
Em novo boletim na noite desta quinta-feira (12), a Polícia Militar voltou atrás e continuou a divulgar em gramas a apreensão de crack durante a operação na cracolândia, que ocorre desde o último dia 3 no centro de São Paulo. Segundo os dados, foram apreendidos até agora 0,637 kg da droga.
Após críticas à pequena quantidade de crack apreendida, a Polícia Militar tinha divulgado um boletim às 17h mudando o formato e informando o número de pedras capturadas e não mais o total por quilo. A medida, porém, foi modificada em novo boletim duas horas depois.
No antepenúltimo boletim desta quinta-feira (12), apenas 0,467 kg da droga tinha sido encontrado --o que representaria o consumo de apenas um dia entre os usuários da cracolândia. No penúltimo boletim, divulgado no final da tarde, a PM informava que 1.274 pedras tinham sido apreendidas. Ao se comparar os números, chega-se a uma média de apenas 0,3 grama de crack por pedra. Segundo o site HowStuffWorks, cada pedra de crack pode ter entre 1 a 5 gramas. Questionada pela reportagem, a assessoria de imprensa da PM disse apenas que repassava os números e que as pedras tinham tamanhos diferentes.
Após a mudança horas depois, a assessoria foi novamente questionada e disse que foi pedido que os números da PM e da Polícia Civil fossem unificados e que continuaria sendo divulgada apenas a quantidade de crack em quilo.
Localização da cracolândia
A mudança na divulgação de dados tinha ocorrido após entrevista do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto. Na ocasião, ele negou que o número seja baixo. “Uma pedra de crack é menor que uma semente de laranja. Temos que avaliar o número de pedras que foram recolhidas. São milhares de pedras, não se pode avaliar pela quantidade de peso”, afirmou, apesar da PM fazer, até então, a divulgação apenas em gramas.
Na entrevista, o secretário afirmou ainda que a operação não teve "erro algum" e que não tem prazo para terminar. Ferreira Pinto criticou também a ação do Ministério Público, que vai investigar a atuação de policiais na área.
Números
A operação chamada de "Centro Legal" retirou das ruas da cracolândia 78 toneladas de lixo, segundo o último boletim divulgado pela Polícia Militar.
Até agora, 69 pessoas foram presas. Dos presos, 37 eram condenados pela Justiça. A Polícia Militar realizou 3.607 abordagens policiais.
A operação, que conta com policiais e órgãos estaduais e municipais ligados à segurança, saúde e assistência social, realizou 1.104 abordagens sociais e 1.066 abordagens de agentes de saúde. Ainda segundo o boletim, 61 pessoas foram internadas, 9 encaminhadas para hospitais e 6 para atendimento para tratamento.
Segundo o comandante-geral da PM, por pelo menos seis meses 287 homens permanecerão no local, com apoio de 117 carros e 26 motos, além de bicicletas, cavalos, cachorros e do helicóptero Águia. Normalmente, o efetivo é de 28 agentes, divididos em dois turnos.
A PM anunciou também uma série de normas que devem ser seguidas pelos policiais. São regras do tipo: "a postura deve ser enérgica sem demonstração de agressividade, porém ostensiva e desestimuladora" e "dependentes químicos têm a opção de buscar tratamento adequado, fornecido pelos órgãos assistenciais e de tratamento".
"O objetivo neste primeiro mês é diminuir a atuação dos traficantes. E, nos seguintes, a PM fica para garantir trabalhos de saúde e assistência social. No segundo semestre, avaliaremos se é o caso de diminuir o efetivo", afirmou o comandante-geral, coronel Álvaro Batista Camilo.
O plano da PM é manter 120 homens vindos do Comando de Policiamento da Capital, concentrados nas ruas da cracolândia. Outros 152 são do Policiamento de Choque e vão fazer rondas permanentes nos bairros vizinhos para tentar evitar a migração dos usuários no entorno. Ainda participam da operação 12 bombeiros.
Denúncias de abuso
A Defensoria Pública de São Paulo informou nesta quarta-feira que já coletou 32 denúncias de abusos cometidos durante a operação policial na região da cracolândia, na região central de São Paulo, segundo reportagem da Folha.
Segundo o coordenador do núcleo de Direitos Humanos do órgão, Carlos Weis, são casos "exemplificativos" de como a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana estão agindo. Para ele, os métodos das corporações são " absolutamente exacerbados, em face das pessoas, que são pobres, miseráveis e desarmadas".
A defensoria realiza reuniões com os órgãos do governo estadual para tentar uma mudança na forma de atuação da Polícia Militar nas ações de combate aos traficantes e usuários de drogas na cracolândia com uso de força desproporcional, segundo relatos. Para o defensor, o problema é mais de saúde do que de polícia.
(Com Agência Estado)
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