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Chevron envia ao Ibama relatório com explicações sobre vazamento na bacia de Campos

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

20/03/2012 17h46

A Chevron, empresa responsável pela exploração de petróleo no campo do Frade, enviou nesta terça-feira (20) a sua defesa ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ) do Rio de Janeiro a respeito do novo vazamento de óleo na bacia de Campos, na região norte fluminense, constatado na semana passada. Em novembro do ano passado, um grande vazamento foi registrado na mesma área.

Chevron divulga imagens de vazamento

Segundo a petroleira, o relatório contém explicações técnicas que buscam isentá-la em face às investigações da Marinha, da Polícia Federal e do próprio Ibama. Porém, a assessoria da empresa americana não divulgou o teor do documento.

Esta terça-feira (20) era a data limite para que a Chevron protocolasse sua defesa junto ao órgão ambiental. Os representantes da companhia também terão que prestar esclarecimentos para a Comissão de Meio Ambiente do Senado. De acordo com o presidente da comissão, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), a audiência pública ocorrerá nesta quinta-feira (22).

No início desta semana, o diretor de Assuntos Corporativos da Chevron, Rafael Jaen, afirmou que "a empresa vai respeitar a lei brasileira e defender seus empregados com todos os recursos que a lei oferece". O executivo se referia ao indiciamento criminal de 17 representantes da empresa, entre os quais o do presidente, George Raymond Buck.

Segundo a assessoria da Chevron, os 17 investigados ainda não receberam a notificação oficial a respeito de uma medida cautelar obtida pelo Ministério Público Federal que os obriga a permanecer no Brasil. Uma vez notificados, os representantes da petroleira terão 24 horas para entregar seus respectivos passaportes na Polícia Federal.

Em relação ao afloramento de óleo constatado na semana passada, Jaen afirmou que a situação está sob controle. "São gotas que saem do subsolo. Todos os dias fazemos sobrevoos, e a mancha está diminuindo.” O diretor disse que a mancha estava sendo dispersa com jatos de água.

Segundo ele, a petroleira interrompeu suas operações no campo de Frade e a intenção é retomar as atividades após a conclusão de um estudo geológico "técnico e profundo", realizado em conjunto com a Petrobras.

Um inspetor da Marinha brasileira sobrevoou nesta manhã o campo de Frade para verificar a extensão da mancha de óleo. Segundo a assessoria da Marinha, porém, não foram feitas novas imagens do local, e o trabalho se limitou ao levantamento de informações.

Excesso de pressão

No relatório da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, o excesso de pressão na perfuração do poço superior à tolerada é apontado como uma das principais causas dos problemas.

O procurador da República Eduardo Santos de Oliveira acusa a Chevron de "ter botado uma pressão maior que a suportada e ter cavado além do que foi autorizado". "Eles assumiram um risco premeditado", afirmou. "O vazamento não é mais no poço, é na rocha reservatória, e não tem como ser controlado. Não se sabe a capacidade. É uma cratera no solo marinho.”

O delegado da Polícia Federal Fábio Scliar, responsável pelo inquérito, também afirmou, baseado no depoimento de geólogos, que houve excesso na pressão usada na injeção de fluido de perfuração. "O poço explodiu e depois foi necessário usar mais pressão para abandoná-lo".

Segundo ele, uma área de cerca de 7 quilômetros quadrados do campo de Frade pode estar sob risco de novos vazamentos. "A situação é grave e está fora de controle. Como é inédita, a indústria não está preparada para responder.”

Novos vazamentos

O novo afloramento da semana passada ocorreu a 3 quilômetros do poço que vazou em novembro, e a Chevron admitiu um afundamento na área em que se formou uma fissura de 800 metros.

De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), foram identificados desde a semana passada cinco pontos de vazamento ao longo de uma fissura de 800 metros, de onde se observava o aparecimento de gotículas de óleo, em uma vazão reduzida.

Na noite de sexta-feira, a ANP consentiu que a empresa interrompesse totalmente a produção do campo de Frade. Foi criado um comitê para avaliar o vazamento, coordenado pela ANP, que terá o Ministério de Minas e Energia como observador.

De acordo com a ANP, até o momento não há elementos que indiquem tendência de aumento do vazamento.

Em nota, a Marinha informou que um inspetor naval da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro realizou um sobrevoo na semana passada e detectou o novo incidente a aproximadamente 130 km da costa, mas classificou a mancha como “tênue”.