Força Nacional de Segurança irá para região de conflito entre índios e fazendeiros na Bahia, diz ministro

O governo federal vai enviar nos próximos dias tropas da Força Nacional de Segurança ao sul da Bahia, região onde vem ocorrendo disputas por terras entre índios e fazendeiros. A afirmação foi feita nesta terça-feira (24) pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em São Paulo.

Desde o último domingo (22), a Polícia Federal reforçou o efetivo na região do sul do território baiano, que desde janeiro é palco de conflito. Índios invadiram 68 fazendas nos municípios de Pau Brasil, Itaju do Colônia e Camacan. De acordo com os pataxós, cerca de 54 mil hectares de terra nessa região seriam área de reserva indígena.

De acordo com o ministro, uma reunião técnica com o governador Jaques Wagner (PT), dias atrás, definiu pelo envio das tropas da FNS para complementar o trabalho de homens do COT (Comando de Operações Táticas) e das polícias Federal, Civil e Militar à região dos conflitos.

Cardozo não disse quantos homens serão deslocados nem quando, mas garantiu que eles ficam no Estado dias antes do julgamento sobre a posse de terra aos pataxós pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Na ação, que vem desde 1982, os índios pedem a retirada dos fazendeiros que ocupam as áreas reclamadas.

“Vamos deslocar as tropas federais para que aquela região tenha segurança particularmente no período que antecede o julgamento no Supremo, e depois dele”, disse.

Indagado se o governo demorou a agir em uma questão que se arrasta há décadas, o ministro esquivou-se: “Não posso dizer que sim, pois é uma ação de décadas passadas. E o governo da Bahia pediu o adiamento da decisão até que arquitetássemos um plano de segurança, só que houve exacerbações locais nesses dias, o quadro se deteriorou e passamos a coibir as manifestações com bastante vigor”, defendeu.

Os municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia ficam a cerca de 150 quilômetros de Ilhéus. 

O último envio de tropas federais à Bahia aconteceu em fevereiro deste ano durante a greve de policiais militares. À época, cerca de 1.500 oficiais foram encaminhados para garantir a segurança em Salvador, onde PMs acamparam na Assembleia Legislativa durante seis dias, e em cidades do interior.