Delegado é preso acusado de roubar cheques apreendidos em operação anticorrupção em AL
O delegado titular da Delegacia de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração Pública, em Maceió, Haroldo Lucca, foi preso nesta terça-feira (24), acusado de roubar cheques apreendidos durante operação que desvendou um suposto esquema de desvio do erário por meio de compras de alimentos pelo Estado. Os mandados de prisão foram expedidos pelos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital.
Em nota, a direção da Polícia Civil de Alagoas informou que a investigação sobre o desaparecimento dos cheques, iniciada na semana passada, foi dada como encerrada. Além do delegado, mais três pessoas foram presas: o corretor de imóveis, Marcos Gomes Pontes; o comerciante Márcio de Magalhães; e o autônomo Cássio Felipe Moura. Os três são acusados de trocarem os cheques roubados.
Segundo as investigações da Deic (Divisão Especial de Investigação e Capturas), os cheques foram retirados pelo do envelope lacrado e utilizados em uma transação comercial, no valor de R$ 121 mil.
Para concluir que o delegado foi o responsável pelo roubo, a polícia utilizou imagens dos circuitos internos do prédio onde Lucca mora e da agência bancária onde os cheques foram descontados, há duas semanas.
Segundo a polícia, no dia 10 de abril, o corretor Marcos Gomes foi até o apartamento do delegado, onde teria recebido os cheques apreendidos na Operação. Um dia depois, o corretor e Cássio Felipe foram até uma agência bancária, em Maceió, onde efetuaram o depósito dos cheques na conta do comerciante Márcio de Magalhães. O destino do dinheiro após o saque ainda seria investigado.
O delegado foi ouvido ainda ontem e levado, assim como os demais acusados, para as casas de custódias da Polícia Civil em Maceió. Eles deverão ficar presos por cinco dias. Além do inquérito, que seguirá para o MP (Ministério Público Estadual), o delegado deve responder ainda a procedimento administrativo por peculato, podendo ser expulso da corporação.
A Adepol (Associação de Delegados de Polícia) informou que colocou o corpo jurídico da entidade à disposição para a defesa do delegado, que teria garantido ao presidente da associação, Antônio Carlos Lessa, ser inocente da acusação de roubo. O UOL não conseguiu localizar o advogado dos demais acusados.
O sumiço
A pedido do MP, a Polícia Civil de Alagoas abriu inquérito no último dia 16 para investigar o desaparecimento de R$ 959 mil em cheques apreendidos durante a operação Espectro, desencadeada no dia seis de março.
Segundo o coordenador do Gecoc (Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas), promotor Alfredo Gaspar de Mendonça, a diferença entre o valor apreendido e o que restou no envelope foi percebida no último dia 13, quando o advogado Ricardo Omena procurou o MP para denunciar o desconto de alguns dos cheques apreendidos com o empresário Délio Xavier --um dos suspeitos de integrar o grupo. Com o empresário foram apreendidos R$ 4,25 milhões em cheques e R$ 234 mil em dinheiro.
A partir daquele momento, falhas foram constadas no lacre que vedava o envelope onde estavam os cheques. O dinheiro e os cheques, que estavam guardados no armário da Delegacia de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração Pública, foram transferidos para um local mais seguro e não revelado pelo MP.
Afastamento
O delegado Haroldo Lucca era o responsável pela investigação de inquéritos de casos de corrupção em Alagoas e era considerado de alta confiança pela cúpula da Polícia Civil. Prova disso é que ele foi designado para investigar o suposto desvio de R$ 300 milhões dos cofres públicos. Por conta da acusação de roubo, Lucca foi afastado do cargo na última segunda-feira.
A investigação, que resultou na operação Espectro no dia seis de março, ainda está em andamento. Entre os suspeitos de participação no esquema estão o general da reserva do Exército e ex-secretário de Defesa Social de Alagoas Edson Sá Rocha e os coronéis da Polícia Militar Luiz Bugarin e Erivaldo Albino dos Santos –os dois últimos, presos na última segunda-feira (23).
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