Justiça aceita denúncia por cinco crimes contra acusados de canibalismo de Garanhuns (PE)
A Justiça de Garanhuns (a 230 km do Recife) aceitou denúncia de assassinato contra os três acusados de canibalismo em Pernambuco. Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 50, Isabel Cristina Pires da Silveira, 51 e Bruna Cristina Oliveira da Silva, 25 vão responder pelas mortes e ocultação de cadáver de duas mulheres, que tiveram os restos mortais enterrados no quintal da casa onde morava, em Garanhuns.
O juiz José Carlos Vasconcelos Filho, da 1ª Vara Criminal do município, aceitou a denúncia no último dia 10, e os três acusados vão a júri popular por cinco crimes. Segundo a denúncia do MP (Ministério Público Estadual), Gisele Helena da Silva, 31, e Alexandra Falcão, 20, foram mortas pelo trio com requintes de crueldade.
O trio, que está com prisão preventiva decretada, é acusado de dois homicídios triplamente qualificados, além de estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e ocultação de cadáver. No despacho em que aceita a denúncia do MP, o juiz diz que as mortes ocorreram “em contexto de extrema violência, canibalismo e rituais macabros”.
Para o MP, os acusados cometeram os crimes com “enorme violência contra a pessoa, consistente em retalhamento do corpo das vítimas, as quais eram ocultadas no quintal da própria casa dos acusados”.
O MP alegou que os acusados faziam ritual de sacrifícios de mulheres. “Após retalharem os corpos das vítimas, os acusados comiam a carne humana e ainda a colocavam em empadas e salgadinhos que eram vendidos para as populações de Garanhuns e até Caruaru, maculando a saúde e o bem-estar de uma enorme coletividade de pessoas”, alegou o MP.
A denúncia foi feita com base no inquérito policial, que apontou indícios de autoria por meio dos próprios depoimentos das vítimas e laudos técnicos.
Na denúncia, o juiz ainda deu um prazo de 10 dias para citação do acusado e recebimento da resposta por escrito. Os acusados, que confessaram os crimes, não têm advogados e serão defendidos por defensores públicos.
Outra morte
Além das duas mortes em Garanhuns, a polícia de Olinda --região metropolitana do Recife-- também tem inquérito aberto pela apurar a morte de outra mulher, ocorrida em 2008. A vítima seria Jéssica Camila, que está desaparecida desde 2008 e teria sido morta em outro ritual macabro.
Quando foi preso, no dia 11 de abril, o trio cuidava de uma criança de cinco anos, que seria filha de Jéssica e teria sido sequestrada. Segundo o depoimento dos acusados, a menina assistia aos rituais de canibalismo. A menor foi encaminhada, à época, ao Conselho Tutelar.
O caso
O trio acusado foi preso após a polícia encontrar restos mortais de uma das vítimas no quintal da casa onde moravam e mantinham um triangulo amoroso. A polícia chegou ao grupo depois que os três usaram documentos falsos para fazer compras no comércio de Garanhuns.
Segundo as investigações, além de matar as vítimas, os três acusados comiam a carne humana, pois acreditavam na purificação. Parte da carne era servida a criança de cinco anos que morava com o trio e que seria filha da primeira vítima. Outra parte da carne era usada para rechear empadas, que eram vendidas nas ruas do centro de Garanhuns e em Caruaru.
O delegado regional de Garanhuns, Wesley Fernandes, explicou à época que as vítimas do grupo sempre eram mulheres, já que elas teriam “úteros malditos, que geravam filhos”. A atração das mulheres até os acusados se dava por meio de oferta de empregos.
“Eles dizem que era um ritual para purificar a alma, pois a ‘Bíblia’ diria para matar e comer. E eles não podiam desperdiçar. Eles faziam igual carne de boi: esticavam na geladeira de casa, desfiavam e comiam. Segundo depoimento, a carne durava quatro dias até o consumo total”, disse.
Uma quarta vítima --uma jovem do município de Lagoa do Ouro-- já estaria com data certa para morrer. “Ainda bem que essa nova vítima escapou, mas já existia todo um plano para matá-la, da mesma forma das outras vítimas.”
Na casa onde o trio vivia a polícia também encontrou um livro com vários relatos macabros da morte. O texto chegou a ser registrado em cartório, no final do mês passado, com o título "Revelações de um esquizofrênico".
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