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Comércio de Belo Horizonte tem R$ 12 milhões de prejuízo com greve de metroviários, diz CDL

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

22/05/2012 12h56

Após nove dias de greve dos metroviários de Belo Horizonte, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) informou que contabiliza prejuízo em torno de R$ 12 milhões entre os mais de 10 mil associados da entidade. 

Somente no primeiro dia da paralisação, que começou no último dia 14 e quando as 19 estações do metrô ficaram fechadas durante todo o dia, a entidade anunciou prejuízos de R$ 4 milhões. A greve afeta o cotidiano de 215 mil usuários do meio de transporte na capital mineira.

Após decisão do Tribunal Regional do Trabalho (3ª Região), os metroviários foram obrigados a cumprir escala normal nos horários de pico. Assim, conforme o tribunal, das 5h20 às 8h30, e das 17h às 19h30, de segunda a sexta-feira, as composições têm de circular normalmente. Aos sábados, o horário de funcionamento é das 5h30 às 9h. Aos domingos e feriados não há funcionamento do metrô.

Segundo o vice-presidente de relações institucionais da câmara, Marcelo Souza e Silva, as pessoas estão muito mais preocupadas em não perder o meio de transporte do que fazerem compras, por conta do horário reduzido de funcionamento do metrô.

“No horário de pico, ninguém vai parar para comprar. As pessoas querem chegar ao trabalho ou ir embora. Saliento que Belo Horizonte é prioritariamente voltada para o comércio e serviços”, afirmou Souza e Silva. Ainda conforme o dirigente, outros componentes foram mensurados para medir a queda das vendas dos lojistas da cidade.

“Para o cálculo desse prejuízo, levamos em conta vários componentes. Desde a dificuldade do funcionário em acessar o seu trabalho e depois ir para casa, o que leva o comerciante e ter de colocar à disposição dele outro meio de transporte, até o consumidor que não consegue ir a lojas e suprir a demanda do comerciante”, afirmou.

Souza e Silva informou  que o trânsito ficou mais congestionado na cidade por conta da greve, o que também dificulta as vendas. O dirigente destacou ainda itens subjetivos, mas que são levados em conta pelos filiados para anunciarem a baixa nas vendas. “Para você vender bem, tem que atender bem, e o consumidor tem de estar bem. Ninguém faz uma boa compra sob pressão.”

Sem demissões

Silva informou que o setor não está promovendo demissões por conta da paralisação e os subsequentes prejuízos.  “Se o funcionamento voltar à normalidade o mais rápido possível, achamos que o período ainda é curto para um prejuízo maior. Mas se esse movimento se prolongar, certamente teremos efeitos ainda mais negativos sobre o comércio.”

Para o dirigente, a greve está descumprindo lei da Constituição Federal que, segundo ele, preconiza para serviços essenciais a escala mínima de 30% de funcionamento. “Queremos que o metrô circule o dia inteiro, inclusive aos domingos e feriados”, disse.

Sem acordo

Nesta segunda-feira (21), uma audiência realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-3ª Região), em Belo Horizonte, resultou na falta de acordo entre o sindicato dos metroviários e representantes da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos).

Representantes da empresa alegaram não terem autonomia para negociações salariais, porque a empresa é de âmbito federal, o que impediria a negociação unilateral com apenas uma categoria, no caso a de Belo Horizonte.

Segundo o desembargador que mediou a audiência, João Bosco Pinto Lara, a ação cautelar pedida pela CBTU, no início da greve pleiteando a escala mínima no funcionamento do metrô, será remetida ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Conforme o magistrado, essa instância seria a mais adequada para julgar o caso, já que a CBTU é da alçada federal. O Ministério Público afirmou que vai entrar com pedido de dissídio coletivo no TST para que o órgão determine o índice de correção salarial e aprecie os demais pedidos dos trabalhadores. 

A categoria reivindica aumento salarial de 5,74%, ampliação do plano de saúde e participação nos lucros. A empresa tem resistido a oferecer algum índice de reajuste, de acordo com o sindicato da classe.