Polícia do Rio investiga invasão da sede do grupo Tortura Nunca Mais
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a invasão da sede do grupo Tortura Nunca Mais, em Botafogo, zona sul da capital. Foram furtados documentos, notas fiscais e R$ 1.567,37 em dinheiro da entidade que defende as vítimas do regime militar (1964-1985).
O crime ocorreu entre a noite de quarta-feira (18) e a manhã de quinta-feira (19). O furto foi constatado pela presidente da entidade, Victória Grabois, no início da tarde da última quinta-feira, quando ela chegava para trabalhar. Segundo ela, não havia sinais de arrombamento.
Em seu site, o Tortura Nunca Mais informou que, em menos de dez dias, sofreu duas ameaças de quem considera “forças retrógadas e saudosistas da ditadura”. No dia 11 de julho, a entidade recebeu um telefonema anônimo no qual um homem disse: “estou ligando para dizer que nós vamos voltar e que isso aí vai acabar”.
“Não tememos estas ameaças. Elas não nos intimidarão e não nos farão recuar em nossa luta de quase trinta anos. Já passamos por outras ameaças e outras invasões em nossa sede e em nosso site”, diz a nota no site da entidade.
Segundo o grupo, além do furto de dinheiro e documentos, alguns arquivos também foram revirados e o computador estava ligado. Nenhum objeto de valor foi levado.
Polícia fará perícia no local
O delegado da 10ª DP (Botafogo), João Ismar, disse que a polícia fará uma perícia no local para ver se houve arrombamento do local e tentar coletar digitais do invasor.
“Vamos fazer exame pericial para ver como foi feita a subtração e se há digitais no local. Também vamos fazer um levantamento de todas as pessoas que têm acesso ao local. Não descartamos nenhuma hipótese”, afirmou Ismar.
O Tortura Nunca Mais foi fundado há 27 anos por ex-presos políticos que foram torturados durante o regime militar (1964-1985) e por familiares de mortos e desaparecidos políticos.
O grupo luta pela abertura dos arquivos da ditadura e cobra uma ação mais efetiva da Comissão Nacional da Verdade, instalada este ano no Congresso para investigar violações aos direitos humanos durante o regime militar.
Em maio, a presidente Dilma Rousseff, vítima de tortura na ditadura, anunciou que doaria os R$ 20 mil de indenização que receberá do Estado para a entidade.
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