Júri de Bruno é retomado com decisão sobre impugnação de testemunhas e novos depoimentos
O júri do caso Eliza Samudio entra em seu terceiro dia, nesta quarta-feira (21), com a decisão da juíza Marixa Fabiane sobre a impugnação de cinco ou seis testemunhas da defesa que foram flagradas usando telefones celulares no hotel onde estão hospedadas em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte).
O promotor Henry Castro pediu ontem (19) a impugnação das testemunhas. Já foram registrados boletins de ocorrências contra elas, pois é proibido o uso de equipamentos de comunicação durante o júri.
“A quebra da incomunicabilidade pede que eles não sejam ouvidos pelo juízo. Se forem inquiridas, que sejam ouvidas sem tomada de compromisso de dicção da verdade”, afirmou o Castro.
Para a promotoria, a possível impugnação não trará prejuízos para o julgamento.“O júri não será anulado. Ele está sendo realizado de maneira absolutamente lídima e isso não gerará nenhum efeito”, afirmou
Para o promotor, entre os que teriam feito uso do celular está Elenílson Vítor da Silva, ex-caseiro do sítio do ex-goleiro Bruno, arrolada pelos advogados de defesa. Silva é um dos réus que tiveram o julgamento desmembrado e ainda não tem data definida para enfrentar o júri popular.
Castro afirmou que o episódio envolvendo as testemunhas pode ser uma manobra da defesa para tentar suspender o julgamento dos réus.
Provas contra Macarrão
O promotor disse nesta terça-feira (20), após o término dos trabalhos do julgamento do ex-goleiro e de outros acusados pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio, que as provas mais contudentes do processo são contra Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.
"Temos provas contundentes para condenar todos os réus. Mas é justamente em torno do réu Macarrão que as provas são mais contudentes", disse Castro. Para o promotor, isso explica a estratégia de defesa do ex-goleiro e não, exatamente, de seus advogados.
"Percebemos a surpresa do advogado de Bruno [Rui Pimenta], destituido pelo goleiro na manhã desta terça-feira (20). A índole manipuladora de Bruno se manifestou. Ele tem o propósito de, ao destituir o advogado, em pleno andar da carruagem, em adiar seu julgamento e ser julgado após Macarrão."
"Não levarão nem pão, nem glória. O Bruno não deseja ser julgado agora. Com a realização do julgamento do Macarrão antes, e caso o mesmo fosse absolvido, ele teria mais chances de não ser condenado."
Outros depoimentos
Após a decisão sobre a impugnação, terá início os depoimentos das testemunhas arroladas pelas defesas dos réus. No total, podem ser ouvidas até 20 testemunhas, cinco para cada um deles.
Entre as testemunhas arroladas, estão Julio e Alessandra Wilke, ambos delegados de polícia que participaram das investigações; Cristina Coelli, titular da Delegacia Especializada na Localização de Pessoas Desaparecida; José Roberto Machado e Gilda Maria Alves, ex-caseiros do sítio do goleiro Bruno em Esmeraldas (MG), Sônia de Fátima, mãe de Eliza Samudio, além de amigos e vizinhos dos réus.
Segundo dia
Ao final da sessão, ela se dirigiu até Bruno, o abraçou e começou a acariciar seu cabelo. O goleiro devolveu o afeto, passando a mão nos cabelos da companheira. Em seguida, deram-se um beijo contido. A cena durou menos de dois minutos.
A sessão também marcada também pelo choro de Dayanne de Souza, ex-mulher do jogador, e Fernanda de Castro, ex-amante do goleiro, ambas acusadas de participação no desaparecimento de Eliza Samudio.
Além de Pimenta, que se declarou surpreso com a destituição, Bruno tentou dispensar seu outro advogado, Francisco Simim. A juíza Marixa Fabiane, porém, avaliou que a manobra era uma tentativa para adiar o júri e aceitou apenas a dispensa de Pimenta.
VEJA O O QUE SERÁ APRESENTADO NO JULGAMENTO DOS ACUSADOS
RÉU | ACUSAÇÃO | O QUE DIZ O MP | O QUE DIZ A DEFESA |
BRUNO | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver | Mentor e mandante da morte de Eliza, ameaçou-a de morte durante a gravidez. O goleiro determinou que Eliza fosse sequestrada e levada a sua casa, no Rio de Janeiro. Acompanhou o deslocamento de Eliza, já sequestrada e ferida na cabeça após receber coronhadas, para Minas | Nega a existência do crime. Eliza não foi morta porque não há corpo. Anteriormente, havia reconhecido a morte de Eliza, mas sem a participação, concordância ou o conhecimento do goleiro. A atribuição do crime havia sido dada a Macarrão, insinuando que o ex-braço direito nutria um “amor homossexual” pelo jogador |
MACARRÃO | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado, e ocultação de cadáver | Também ameaçou Eliza durante a gravidez e foi o responsável pelo sequestro da moça no Rio de Janeiro. Foi o motorista do carro, com Eliza e o filho, na viagem para Minas Gerais. Dirigiu o veículo que transportou a moça até a casa de Bola. Amarrou as mãos de Eliza e desferiu chutes nas pernas da moça | Não existem provas materiais do crime de homicídio. Ele declarou que, Para evitar “especulações”, não adianta detalhes da estratégia de defesa a ser adotada |
BOLA* | Responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver | Executor de Eliza, estrangulou a jovem dentro de casa, em Vespasiano. Esquartejou o corpo da mulher e atirou uma das mãos a cães rottweiler. Foi incumbido de desaparecer com o corpo | Nega as acusações e afirma que apresentará “prova cabal” aos jurados, durante o julgamento, da inocência de Bola |
DAYANNE | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado da criança | Participou da “vigilância” feita sobre Eliza e o filho no sítio do goleiro em Esmeraldas, apontado pela polícia como o cativeiro de Eliza antes de sua morte. Sabia do plano para matar a ex-amante do jogador. Tentou desaparecer com o filho de Eliza, localizado posteriormente pela polícia em Ribeirão das Neves | Nega que Dayanne soubesse do plano para matar Eliza, ela apenas cuidou da criança depois de um pedido do ex-marido. Sobrevivência do filho de Eliza se deu graças a Dayanne |
FERNANDA | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela | Outra ex-amante de Bruno, auxiliou Macarrão a manter Eliza dentro da casa do goleiro no Rio antes da viagem para Minas. Cuidou do filho de Eliza nesse período e acompanhou Bruno e Macarrão na ida para Minas. Sabia da intenção do grupo de matar Eliza | É inocente, não sabia de nenhum plano para matar Eliza. Não presenciou um cenário que remetesse ao crime atribuído a ela. A viagem a Minas Gerais com o goleiro havia sido programada um mês antes do crime. Não notou ferimentos em Eliza |
- * Os advogados do acusado abandonaram o julgamento. Como Bola recusou a indicação de um defensor público, ele deverá ser julgado em outro momento
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