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Júri de Bruno é retomado com decisão sobre impugnação de testemunhas e novos depoimentos

Carlos Eduardo Cherem, Guilherme Balza e Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

21/11/2012 06h00

O júri do caso Eliza Samudio entra em seu terceiro dia, nesta quarta-feira (21), com a decisão da juíza Marixa Fabiane sobre a impugnação de cinco ou seis testemunhas da defesa que foram flagradas usando telefones celulares no hotel onde estão hospedadas em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte).

O promotor Henry Castro pediu ontem (19) a impugnação das testemunhas. Já foram registrados boletins de ocorrências contra elas, pois é proibido o uso de equipamentos de comunicação durante o júri.

“A quebra da incomunicabilidade pede que eles não sejam ouvidos pelo juízo. Se forem inquiridas, que sejam ouvidas sem tomada de compromisso de dicção da verdade”, afirmou o Castro.

Para a promotoria, a possível impugnação não trará prejuízos para o julgamento.“O júri não será anulado. Ele está sendo realizado de maneira absolutamente lídima e isso não gerará nenhum efeito”, afirmou

 

Para o promotor, entre os que teriam feito uso do celular está Elenílson Vítor da Silva, ex-caseiro do sítio do ex-goleiro Bruno, arrolada pelos advogados de defesa. Silva é um dos réus que tiveram o julgamento desmembrado e ainda não tem data definida para enfrentar o júri popular.

Castro afirmou que o episódio envolvendo as testemunhas pode ser uma manobra da defesa para tentar suspender o julgamento dos réus.

Provas contra Macarrão

O promotor disse nesta terça-feira (20), após o término dos trabalhos do julgamento do ex-goleiro e de outros acusados pelo desaparecimento e morte de Eliza Samudio, que as provas mais contudentes do processo são contra Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.

"Temos provas contundentes para condenar todos os réus. Mas é justamente em torno do réu Macarrão que as provas são mais contudentes", disse Castro. Para o promotor, isso explica a estratégia de defesa do ex-goleiro e não, exatamente, de seus advogados.

"Percebemos a surpresa do advogado de Bruno [Rui Pimenta], destituido pelo goleiro na manhã desta terça-feira (20). A índole manipuladora de Bruno se manifestou. Ele tem o propósito de, ao destituir o advogado, em pleno andar da carruagem, em adiar seu julgamento e ser julgado após Macarrão."


"Não levarão nem pão, nem glória. O Bruno não deseja ser julgado agora. Com a realização do julgamento do Macarrão antes, e caso o mesmo fosse absolvido, ele teria mais chances de não ser condenado."

Outros depoimentos

Após a decisão sobre a impugnação, terá início os depoimentos das testemunhas arroladas pelas defesas dos réus. No total, podem ser ouvidas até 20 testemunhas, cinco para cada um deles.

Entre as testemunhas arroladas, estão Julio e Alessandra Wilke, ambos delegados de polícia que participaram das investigações; Cristina Coelli, titular da Delegacia Especializada na Localização de Pessoas Desaparecida;  José Roberto Machado e Gilda Maria Alves, ex-caseiros do sítio do goleiro Bruno em Esmeraldas (MG), Sônia de Fátima, mãe de Eliza Samudio, além de amigos e vizinhos dos réus.

Segundo dia

O segundo dia do júri do caso Eliza Samudio foi marcado pela substituição de um dos advogados do goleiro Bruno Fernandes e terminou com um momento de intimidade entre o ex-jogador e sua atual namorada Ingrid Oliveira.

Ao final da sessão, ela se dirigiu até Bruno, o abraçou e começou a acariciar seu cabelo. O goleiro devolveu o afeto, passando a mão nos cabelos da companheira. Em seguida, deram-se um beijo contido. A cena durou menos de dois minutos.

A sessão também marcada também pelo choro de Dayanne de Souza, ex-mulher do jogador, e Fernanda de Castro, ex-amante do goleiro, ambas acusadas de participação no desaparecimento de Eliza Samudio.

Além de Pimenta, que se declarou surpreso com a destituição, Bruno tentou dispensar  seu outro advogado, Francisco Simim. A juíza Marixa Fabiane, porém, avaliou que a manobra era uma tentativa para adiar o júri e aceitou apenas a dispensa de Pimenta.

VEJA O O QUE SERÁ APRESENTADO NO JULGAMENTO DOS ACUSADOS

RÉUACUSAÇÃOO QUE DIZ O MPO QUE DIZ A DEFESA
BRUNOResponde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáverMentor e mandante da morte de Eliza, ameaçou-a de morte durante a gravidez. O goleiro determinou que Eliza fosse sequestrada e levada a sua casa, no Rio de Janeiro. Acompanhou o deslocamento de Eliza, já sequestrada e ferida na cabeça após receber coronhadas, para MinasNega a existência do crime. Eliza não foi morta porque não há corpo. Anteriormente, havia reconhecido a morte de Eliza, mas sem a participação, concordância ou o conhecimento do goleiro. A atribuição do crime havia sido dada a Macarrão, insinuando que o ex-braço direito nutria um “amor homossexual” pelo jogador
MACARRÃOResponde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado, e ocultação de cadáverTambém ameaçou Eliza durante a gravidez e foi o responsável pelo sequestro da moça no Rio de Janeiro. Foi o motorista do carro, com Eliza e o filho, na viagem para Minas Gerais. Dirigiu o veículo que transportou a moça até a casa de Bola. Amarrou as mãos de Eliza e desferiu chutes nas pernas da moçaNão existem provas materiais do crime de homicídio. Ele declarou que, Para evitar “especulações”, não adianta detalhes da estratégia de defesa a ser adotada
BOLA*Responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáverExecutor de Eliza, estrangulou a jovem dentro de casa, em Vespasiano. Esquartejou o corpo da mulher e atirou uma das mãos a cães rottweiler. Foi incumbido de desaparecer com o corpoNega as acusações e afirma que apresentará “prova cabal” aos jurados, durante o julgamento, da inocência de Bola
DAYANNEResponde pelos crimes de sequestro e cárcere privado da criançaParticipou da “vigilância” feita sobre Eliza e o filho no sítio do goleiro em Esmeraldas, apontado pela polícia como o cativeiro de Eliza antes de sua morte. Sabia do plano para matar a ex-amante do jogador. Tentou desaparecer com o filho de Eliza, localizado posteriormente pela polícia em Ribeirão das NevesNega que Dayanne soubesse do plano para matar Eliza, ela apenas cuidou da criança depois de um pedido do ex-marido. Sobrevivência do filho de Eliza se deu graças a Dayanne
FERNANDAResponde pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho delaOutra ex-amante de Bruno, auxiliou Macarrão a manter Eliza dentro da casa do goleiro no Rio antes da viagem para Minas. Cuidou do filho de Eliza nesse período e acompanhou Bruno e Macarrão na ida para Minas. Sabia da intenção do grupo de matar ElizaÉ inocente, não sabia de nenhum plano para matar Eliza. Não presenciou um cenário que remetesse ao crime atribuído a ela. A viagem a Minas Gerais com o goleiro havia sido programada um mês antes do crime. Não notou ferimentos em Eliza
  • * Os advogados do acusado abandonaram o julgamento. Como Bola recusou a indicação de um defensor público, ele deverá ser julgado em outro momento