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Justiça arquiva processo contra pai que esqueceu a filha dentro do carro no Rio

Do UOL, no Rio

10/12/2012 17h41

A Justiça do Rio de Janeiro arquivou o processo por homicídio culposo (sem intenção de matar) movido contra o gerente de vendas Clóvis Perrut Mantilla, 29, cuja filha Manuella, 10, morreu asfixiada após ser esquecida pelo pai dentro do carro.

O pedido foi feito pelo próprio MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro), que considerou ser "a sentença do indiciado" o fato de a atitude do pai ter provocado o óbito da criança. A tragédia ocorreu em Volta Redonda, cidade da região sul fluminense.

"Posso afirmar de forma peremptória que a vida do indiciado [o pai] nunca mais será a mesma, pois carregará o fardo da morte de sua filha (...)", declarou o promotor de Justiça Bruno de Faria Bezerra.

Segundo o MP, Clóvis não costumava levar a menina para a creche. No pedido de arquivamento, a promotoria afirma que quem levava e buscava Manuella eram dois funcionários da família, mas ambos estavam ocupados naquele dia e a responsabilidade ficara com o pai.

Depois de estacionar, o acusado teria ido ao encontro de uma pessoa com quem negociava a compra de um carro, e acabou esquecendo a filha no banco traseiro. Ela ficou presa no veículo por cerca de quatro horas com os vidros fechados.

Após receber um telefonema da mulher, Clóvis se deu conta de que tinha esquecido a filha no carro e retornou ao local. Um amigo já havia quebrado o vidro do veículo para socorrer a criança, mas ela já estava morta.

"Tive contato direto com o Clóvis e com sua esposa e afirmo que é difícil controlar a emoção diante dos relatos, sendo que ambos choraram durante todo o depoimento, que teve de ser interrompido algumas vezes", afirmou Bezerra.

"Afirmamos por fim que esta é a sentença do indiciado, viver triste até a sua morte e com o fardo de ter causado a morte de sua Manuzinha, de seu anjinho, como afirmado pelo próprio indiciado", completou o promotor.

Preso em flagrante, o gerente de vendas pagou fiança de R$ 12.440 e foi liberado. Segundo a 93ª DP (Volta Redonda), Clóvis estava desesperado e chegou à delegacia pedindo para ser preso.

Igualmente transtornada, a mãe repetia que precisava amamentar a filha. O corpo de Manuela foi enterrado no cemitério Parque Portal da Saudade, em Volta Redonda.