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Dinamite que destruiu delegacia em Maceió estava em sala comum

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

21/12/2012 12h08

As bananas de dinamite que explodiram e provocaram a morte de uma policial civil e também a destruição do prédio da Deic (Divisão Especial de Captura e Investigações), em Maceió, na noite de quinta-feira (20), estavam guardadas em uma "sala comum."

A afirmação foi feita ao UOL pelo secretário de Estado da Defesa Social, Dário César Cavalcante, que determinou a abertura de inquérito para saber a quantidade de artefatos que estava armazenada no local. Quatro policiais ficaram feridos com a explosão, mas passam bem. Casas e empreendimentos comerciais foram danificados com a explosão.

Vídeo exclusivo mostra explosão em Maceió; assista

"Não havia paiol no local, o material aprendido estava num local específico, separado das armas. A gente não tem ideia da quantidade de explosivos que havia lá. O inventário do que foi apreendido nos últimos dias, e o que já havia sido transferido, será feito. Só assim teremos como mensurar, quantificar o que estava armazenado. Hoje, a olhos nus, não dá para fazer essa indicação", disse o secretário.

Segundo Cavalcante, as bananas de dinamites tinham sido apreendidas com suspeitos de praticar assaltos e explodir caixas eletrônicos no Estado. No prédio funciona também a delegacia especializada em investigação de roubo a bancos.

Cavalcante explicou que muitos dos artefatos aguardavam apenas ordem judicial para deixar o local. "Após as apreensões, esse material ficava nesse local, que é uma sala comum, aguardando a perícia. Assim que é feita, é solicitada à Justiça, informando que foi feita a perícia, para o envio ao quartel do Exército", disse.

Com a tragédia desta quinta-feira, o governo do Estado vai solicitar que a Justiça autorize a remoção imediata de explosivos, quando eles forem apreendidos com acusados. "De um episódio como esse se tiram muitas lições. É prematuro falar dessas lições. Só que temos certeza que temos muito a aprender, e a gente tem que aprender com a dor", informou.

Sobre a destruição de documentos e provas de crimes, o secretário informou que tudo só poderá ser avaliado com análise minuciosa dos policiais e delegados da Deic. "Nós estamos fazendo um levantamento de tudo isso porque a parte da frente do prédio foi toda preservada”, disse o secretário.

Justiça diz que não recebeu pedidos

O juiz da 17ª Vara Criminal de Maceió e presidente do Conselho Estadual de Segurança, Maurício Breda, disse nesta sexta-feira (21) que os explosivos estavam guardados num local inadequado, mas disse que a Justiça não recebeu pedidos para transferência do explosivo. "A Justiça não sabia onde eram guardados esses explosivos. Não havia pedidos do Estado. Era um local totalmente inadequado, acredito. Qualquer leigo em explosivos sabe que não deveria ser acondicionado em um local com essa propriedade específica. Alagoas se preocupou com os assaltos e explosões a caixas eletrônicos e foram muitas apreensões, talvez por isso esse volume armazenado", explicou.

Segundo ele, a Corregedoria Geral de Justiça já havia determinado, "há muito tempo", que armas e munição não fossem guardadas em delegacias. "Mas não se falou em explosivos. Nunca recebemos da polícia um pedido nesse sentido. As autoridades do Estado deverão fazer agora contato com o Exército. Como presidente do conselho, vou fazer contato com o secretário [de Defesa Social] para que não seja não seja mais guardado dinamite em delegacia. No mais, é todo mundo enlutado com a tragédia", finalizou.