Cortejo leva caixão do artista Jorge Selarón da escadaria da Lapa até cemitério no Rio
Foi enterrado no início da tarde desta quarta-feira (16), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, o corpo do artista plástico chileno Jorge Selarón.
O ceramista foi encontrado morto, na manhã da última quinta-feira (10), nos degraus da escadaria da Lapa, local que ele transformou em ponto turístico depois de aplicar azulejos coloridos em seus 215 degraus.
Sob forte emoção de admiradores, dos amigos e dos companheiros de trabalho, cerca de cem pessoas acompanharam o cortejo que levou o caixão, coberto com as bandeiras do Brasil e do Chile, da escadaria da Lapa até o cemitério.
Durante o velório, o secretário particular de Selarón, César Gomez, declarou que espera que a Prefeitura do Rio cumpra a promessa que fez a ele de conservar o patrimônio histórico do artista plástico. "Eu tive uma reunião com o presidente do Instituto Rio Patrimônio Histórico, Washington Fajardo, e ele me prometeu que a prefeitura vai preservar a escadaria. Espero que não seja uma atitude política de momento e seja esquecida daqui a um tempo", disse.
A secretária do ateliê Dandara Alves contou que está prevista para a semana que vem uma reunião dos quatro funcionários do ceramista para saber o que vai acontecer daqui para frente.
"A gente se mantinha com o dinheiro que ele ganhava, não temos ajuda de ninguém. Precisamos da prefeitura para dar continuidade à preservação da obra dele e catalogar o acervo. Existem vários livros com anotações dele, convites de exposições que ele fez pelo mundo. Ele sempre quis que fosse criada uma fundação para cuidar desse material", explicou.
Os familiares de Selarón não compareceram ao enterro, pois não tinham como arcar com as despesas da viagem, mas mandaram uma carta, pelo Consulado do Chile, para os funcionários do ateliê.
"É uma tristeza para os irmãos e para a família a morte do Selarón. Não podemos estar no Brasil, mas estamos ao lado de vocês. Ficamos felizes por ele descansar na cidade em que a obra dele está", dizia um trecho da carta.
Investigação
Apesar de ter dito a amigos que gostaria de ser cremado o corpo de Selarón foi enterrado, pois a morte ainda está sendo investigada pela Divisão de Homicídios da Polícia. A principal suspeita é que ele tenha cometido suicídio.
O corpo de Selarón foi encontrado na escadaria com marcas de queimaduras e ao seu lado estava uma lata de solvente de tinta.
Jorge Selarón nasceu em Limache, no Chile, em 1947, e chegou ao Rio de Janeiro no início dos anos 90. Em maio de 2005, a escadaria foi tombada pela prefeitura, e Selarón recebeu o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro.
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