Advogado da banda diz que boate em Santa Maria (RS) teve curto-circuito antes do show
O advogado da banda Gurizada Fandangueira, Omar Obregon, disse nesta segunda-feira (4) que, além da superlotação, a boate Kiss, em Santa Maria (301 km de Porto Alegre), também apresentou problemas de curto circuito anteriores ao incêndio que deixou 237 mortos e mais de 100 feridos na madrugada do último dia 27.
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Em entrevista ao UOL, Obregon afirmou que o local, que já era palco de apresentações da banda há pelo menos um ano, havia apresentado problemas de curto-circuito, na rede de eletricidade, anteriormente à tragédia. “Tanto que, no dia da apresentação, a caixa de som que fazia o retorno [de áudio] aos músicos estava sem funcionar por essa razão”, disse o advogado.
De acordo com Obregon, hoje os dois integrantes da banda que faltavam ser ouvidos pela Polícia Civil prestaram depoimento na delegacia regional de Santa Maria. Também do grupo, estão presos temporariamente desde a última segunda-feira (28) o vocalista, Marcelo Santos, e o produtor, Luciano Bonilha.
“Eles depuseram e confirmaram a versão já dada pelo Marcelo e pelo Luciano de que sempre se apresentaram na Kiss da mesma maneira como no dia do incêndio; nunca houve qualquer requerimento do Kiko para que não usassem pirotecnia”, disse o advogado, referindo-se ao empresário Elissandro Spohr, também com prisão preventiva decretada, a exemplo do sócio, Mauro Hoffmann.
Em entrevista veiculada nesse domingo (3) pelo programa Fantástico, da TV Globo, Spohr negou que soubesse do uso de pirotecnia por parte do grupo. “A banda nunca falou comigo sobre isso. Eu nunca autorizei isso. Faz dois anos, eu acho, que a banda toca lá [na boate Kiss]. Eu vi no mínimo 30 shows deles. Nunca fizeram isso, nem na Kiss. Vi shows deles em outros lugares, eles também nunca usaram isso. Se eu soubesse que iam usar, não deixaria", declarou.
Santa Maria fica na região central do RS
“Tanto é verdade que [os músicos da banda] sempre fizeram isso que, no último dia 21, realizaram o mesmo show que o da Kiss na boate Absinto, do Mauro [Hoffmann]”, reforçou Obregon, que completou: “O Kiko permitiu o show como realizado, na Kiss, e agora está fazendo o jogo dele. Mas ele é contratante; é ele quem dá as condições de trabalho”, defendeu.
Pedido de liberdade e retratação
O advogado afirmou que apresentará à Justiça nos próximos dias pedido de liberdade aos clientes. Antes, porém, disse que aguardará resposta da Polícia Civil a um pedido de retratação aos clientes e que, segundo ele, estaria diretamente relacionado a um dos argumentos da Polícia Civil para os pedidos de prisão: o fato de Santos e Bonilha terem sido presos fora de Santa Maria.
“Eles foram à cidade de Mata (cerca de 70 km de Santa Maria) para o enterro de um companheiro da banda que morreu no incêndio, mas tinham autorização verbal da polícia para ir até lá. Não tinham qualquer intenção de fuga”, sustentou.
Presos conversam durante banho de sol, diz advogado
A incomunicabilidade entre os investigados, também defendida pela Polícia Civil e pelo MP para justificar a necessidade das prisões, foi outro ponto contestado pelo advogado da banda.
“Todos os presos até agora estão no presídio estadual e se veem no banho de sol, se comunicam. Não há por que alegar agora incomunicabilidade”, criticou.
Conforme as investigações e depoimentos de testemunhas, o fogo teria começado depois de o vocalista da banda ter usado, no palco, um sinalizador de uso externo, de forma que o show não teria parado mesmo após o primeiro foco de incêndio.
Indagado sobre as razões de o músico não ter usado o microfone para alertar os jovens sobre o fogo, o advogado resumiu: “Isso está sendo esclarecido, mas posso dizer que, quando o Marcelo notou que o microfone dele não funcionava mais, já não tinha mais luz, nada mais funcionava. Só que a boate era um labirinto e ainda estava superlotada; foi um conjunto de fatores”, encerrou.
A reportagem tentou contato com os advogados de Spohr, Jader Marques, e de Hoffmann, Mário Cipriani, mas eles não atenderam os telefonemas.
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