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Motorista de ônibus que caiu na avenida Brasil tem histórico de agressões, diz ex-mulher

André Luiz da Silva Oliveira, 33, dirigia o ônibus da linha 328 (Bananal-Castelo) que caiu na avenida Brasil, altura da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro (RJ) - Reprodução/Globo News
André Luiz da Silva Oliveira, 33, dirigia o ônibus da linha 328 (Bananal-Castelo) que caiu na avenida Brasil, altura da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro (RJ) Imagem: Reprodução/Globo News

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

04/04/2013 12h37

A cabeleireira Francilene dos Santos, 40, ex-mulher do motorista André Luiz da Silva Oliveira, 33, afirmou nesta quinta-feira (4) que o condutor do ônibus que caiu de um viaduto na avenida Brasil, no Rio de Janeiro, há dois dias, matando sete pessoas, foi "irresponsável", pois deveria "ter parado para pedir ajuda da polícia". Após discussão, Oliveira foi supostamente agredido pelo universitário Rodrigo dos Santos Freire, 25, e acabou perdendo a direção.

"Ele foi irresponsável. Não deveria ter agredido verbalmente o garoto e tinha que ter parado para pedir ajuda da polícia. Se ele tivesse feito isso, não havia vítimas. Os culpados [pelo acidente] têm que pagar. E se ele é um, que pague. Foram muitas famílias destruídas, são vidas que não voltam mais", disse a mulher, que está separada do motorista há cerca de um mês.

Ao UOL, Fracilene disse ainda que o ex-marido teria histórico de agressões: "Quando eu estava grávida, ele me deu um soco na testa e eu cheguei a desmaiar".

Com fratura no fêmur, Oliveira está internado no hospital Getúlio Vargas, na Penha, na zona norte, onde passará por uma cirurgia ortopédica nesta quinta.

O delegado da 21ª DP (Bonsucesso), José Pedro da Costa Silva, responsável pelo caso, também acredita que o condutor poderia ter evitado o acidente. Por isso, pediu o indiciamento do motorista por homicídio doloso.

"Até ontem, eu fiquei do lado dele, defendendo o pai da minha filha. Minha visão estava nele. Eu não tinha visto a dimensão do caso. Depois que o delegado disse que iria indiciar os dois e eu vi o que tinha acontecido... Não vou passar a mão na cabeça dele", completou Francilene, que foi casada com Oliveira durante quatro anos, desde que o motorista chegou ao Rio de Janeiro, vindo de Sergipe.

Com ele, teve uma filha, que está com 2 anos. Segundo ela, os dois estavam em processo de separação, mas costumavam conversar sobre eventuais problemas que o motorista poderia ter no trânsito.

"Eu falava para ele, que se os passageiros criticassem ou brigassem, ele deveria ficar quieto. A pessoa está pagando a passagem para viajar com segurança e ele está ali fazendo o trabalho dele. Como bom profissional, ele não poderia ter revidado a agressão", disse. "Ele não teve amor à vida dele. Não pensou nos filhos, na família."

Agressões

Veja o local onde o ônibus caiu

  • Arte/UOL

Contra Oliveira, há dois processos movidos por Francilene por agressão física. Ele estaria proibido de se aproximar da ex-mulher, segundo ela.

"Ele tem um lado bom, senão eu não teria me casado com ele. Mas quando eu estava grávida, ele me deu um soco na testa e eu cheguei a desmaiar. Acabei não indo à delegacia prestar queixa. Em 2011, ele me deu um tapa na cara e eu resolvi fazer o registro. No dia 3 de março de 2013, ele chutou a porta de vidro da casa onde a gente morava. O vidro estilhaçou e eu corri para não pegar em mim e na minha filha. Fiz outro registro e agora ele não pode chegar a 500 metros de mim", contou ela.

Francilene relata também que o comportamento do motorista piorou há cerca de quatro meses, quando, segundo ela, André Luiz começou a frequentar a comunidade Parque União, em Bonsucesso, zona norte da capital fluminense. No local, há a maior cracolândia da cidade.

"Não sei se ele estava usando drogas, mas ele andava muito alterado, parecia fora si. Algumas pessoas já haviam me dito que ele deveria estar se drogando, mas eu nunca achei nada em casa. Às vezes, passava dois dias na comunidade, dizendo que estava em bailes funk, não voltava para casa. Cansei e pedi para ele tirar as coisas há um mês", disse.

A cabeleireira, que estava acompanhando o ex-marido desde terça-feira (2) no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, zona norte da cidade, onde ele está internado, disse que não deve visitá-lo nos próximos dias. "Preciso trabalhar para garantir o sustento da nossa filha. Não dá para ficar lá não", explicou.

Processo

A família de uma das vítimas do acidente contou nesta quinta-feira (4) à reportagem do UOL que vai processar a Prefeitura e a empresa de ônibus. Segundo Manuel Monteiro Arruda, padrasto da estudante Amanda Rodrigues Santana, 19, um advogado já foi acionado.

"Vamos decidir essa questão hoje. Queremos responsabilizar a Prefeitura por não ter uma mureta segura e a empresa de ônibus por ter um profissional que assumiu o risco de provocar a briga. Assim que sair o indiciamento, nós entraremos com o processo", afirmou.