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Justiça começa a ouvir envolvidos em morte de jornalista no Maranhão

Jornalista Décio Sá, morto em abril de 2012 no Maranhão por apurar denúncias contra pistoleiros no Estado - Reprodução/MB/Futura Press
Jornalista Décio Sá, morto em abril de 2012 no Maranhão por apurar denúncias contra pistoleiros no Estado Imagem: Reprodução/MB/Futura Press

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

06/05/2013 12h01

Mais de um ano depois do assassinato do jornalista Décio Sá, ocorrido em São Luís no dia 23 de abril de 2012, a Justiça começa, nesta segunda-feira (6), a colher depoimentos de 55 pessoas - entre acusados de serem mandantes, testemunhas de defesa e testemunhas de acusação. A juíza da 1ª Vara Civil de São Luís, Ariane Mendes Castro Pinheiro, vai colher depoimento de testemunhas de defesa e de acusação, além dos presos acusados do assassinato.

As audiências estão previstas para ocorrer até o próximo dia 24, no Salão do Júri, no Anexo do Fórum de São Luís, no Calhau. O TJMA (Tribunal de Justiça do Maranhão) informou que serão colhidos 15 depoimentos por dia.

O acusado do assassinato, Jhonatan de Sousa Silva, 24, que é réu confesso, chegou neste domingo (5) a São Luís sob forte esquema de segurança. Ele está preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), mas, durante o processo de depoimentos, Silva ficará preso na sede da Superintendência Regional Polícia Federal do Maranhão aguardando o dia que vai ser chamado para prestar depoimento à Justiça.

De acordo com o TJMA, nesta primeira semana serão ouvidas as testemunhas de acusação; na semana de 13 a 17 será a vez dos depoimentos das testemunhas de defesa. E, para finalizar, de 20 a 24 serão interrogados os acusados do assassinato.

Prefeituras do Maranhão

Em entrevista ao UOL, o promotor Luiz Eduardo Corrêa Duarte reforçou os indícios que apontam para responsabilidade dos acusados. “Agora as testemunhas de acusação vão reforçar perante a Justiça a tese de que Décio foi assassinado para não divulgar o esquema fraudulento feito pelo grupo, que envolvia prefeituras do Maranhão.”

Duarte disse que na segunda semana, a defesa vai tentar derrubar os argumentos da acusação com os depoimentos das testemunhas de defesa, mas o MP (Ministério Público Estadual) estará trabalhando para “dar uma resposta rápida à sociedade sobre o caso”.

Segundo a polícia do Maranhão, as investigações apontaram que os acusados de envolvimento na morte do jornalista formavam uma quadrilha de agiotagem para financiar campanhas políticas. O dinheiro emprestado era pago com verbas públicas quando os candidatos venciam as eleições.

As investigações apontaram que pelo menos o grupo tinha envolvimento com 41 prefeituras maranhenses, que fecharam acordos entre os anos de 2009 a 2012. O esquema teria desviado cerca de R$ 100 milhões.

Rl$ 100 mi

Ao todo, 13 pessoas foram indiciadas pela morte de Sá, dentre elas o atirador confesso Jhonatan Silva e os supostos mandantes do crime, segundo Jhonatan: José de Alencar Miranda Carvalho, 72; Gláucio Alencar Pontes Carvalho, 34; e Airton Martins Monroe, 24. Todos estão presos desde 2012.

A polícia descobriu que a morte de Sá teria sido encomendada por um grupo de empresários acusados de esquema de corrupção em prefeituras do interior do Maranhão, que teria se juntado para pagar o assassinato do jornalista.

O preço acertado foi de R$ 100 mil, mas o grupo teria efetuado a parte de R$ 20 mil, mas ficou “devendo R$ 80 mil para o pistoleiro por falta de dinheiro.” Segundo a polícia, os mandantes estavam desconfiados que o jornalista iria divulgar no blog denúncias sobre o esquema de agiotagem a qual faziam com órgãos públicos para patrocinar eleições municipais.

Ação rápida

Décio Sá foi morto num bar e restaurante localizado na avenida Litorânea, na orla de São Luís. O assassino confesso, segundo a polícia, do jornalista Décio Sá, Jhonatan de Sousa Silva, 24, afirmou que o crime ocorreu de forma extremamente rápida, em menos de cinco segundos, e que não houve nenhuma chance de defesa para a vítima.

O relato foi dado durante a reconstituição do crime, na noite da última terça-feira (3), o assassino confesso destacou que não gastou 5 segundos para matar o jornalista. “Foi ligeiro, moço. Isso é rapidão. É lau, lau, lau, lau. Não gasta cinco segundos, não”, disse.