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Grupo de empresários fez "consórcio" para contratar pistoleiro e matar Décio Sá, diz polícia

Jhonatan de Sousa Silva (ao centro) é apontado como executor do jornalista Décio Sá, em São Luís - Divulgação / SSPMA
Jhonatan de Sousa Silva (ao centro) é apontado como executor do jornalista Décio Sá, em São Luís Imagem: Divulgação / SSPMA

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

14/06/2012 14h02

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Maranhão informou que um grupo de empresários que cometiam atos ilícitos se uniu para contratar um pistoleiro para assassinar o jornalista e blogueiro Décio Sá, morto no dia 23 de abril, em São Luís.

Segundo a polícia, o grupo fez uma espécie de consórcio para arrecadar R$ 20 mil como parte inicial da contratação do executor do jornalista, Johnatan de Sousa Silva, 24, que está detido desde o último dia cinco. O assassinato teria custado R$ 100 mil, mas não teria sido pago por falta de dinheiro, e os contratantes estavam envolvidos em tráfico de drogas para arrecadar o valor restante.

A secretaria apresentou seis das nove pessoas acusadas de envolvimento na morte do jornalista. Segundo as investigações, um grupo de empresários e agiotas vinha se incomodando com a divulgação de crimes de mando cometidos por eles e que foram divulgados no blog de Sá.

De acordo com a polícia, entre os posts do blog está o relato da morte do revendedor de carros Fábio dos Santos Brasil Filho, 33, assassinado depois que foi atingido por três tiros de pistola, no dia 31 de março, em Teresina. No texto, Sá divulgou que Brasil Filho estava recebendo ameaças de morte devido a dividas com agiotas e teria prestado depoimento à PF (Polícia Federal) para relatar as ameaças.

Para que o grupo não fosse ligado a outros esquemas fraudulentos que cometiam, os acusados de tramar a morte de Sá contrataram Silva, que confessou ter matado o jornalista.

Jornalista assassinado

  • Reprodução

    Décio Sá foi morto a tiros em São Luís

Segundo a polícia, os mandantes do assassinato foram: José de Alencar Miranda Carvalho, 72, Gláucio Alencar Pontes Carvalho, 34, Airton Martins Monroe, 24. Já José Raimundo Sales Chaves Júnior, o Júnior Bolinha, 38, e Fábio Aurélio do Lago e Silva, o Buchecha, 32, são apontados como os articuladores do crime.

A polícia divulgou ainda que foi Júnior Bolinha quem contratou Silva e repassou o dinheiro arrecadado entre os mandantes para o pistoleiro cometer o assassinato. A polícia afirmou ainda que a arma usada para assassinar o jornalista é do subcomandante do Batalhão de Choque da PM do Maranhão Fábio Aurélio Saraiva Silva, que está preso, mas não foi apresentado à imprensa.

Na última segunda-feira (11), um outro suspeito de participação no crime, Valdênio José da Silva, 38, que foi preso três dias após a morte do jornalista e libertado 30 dias depois, foi assassinado com cinco tiros de revólver. A polícia afirmou que Silva foi solto de forma estratégica para que agentes conseguissem chegar ao restante do grupo e que ele estava sendo monitorado.

A polícia informou que a nona pessoa envolvida no crime ainda não foi capturada. Trata-se do piloto da moto, que já foi identificado e fugiu quando policiais tentavam efetuar a prisão. O nome do acusado não foi divulgado.

Vários assassinatos

Segundo a polícia, Silva confessou ter assassinado várias pessoas. Ele é suspeito de participação na morte de cerca de 50 pessoas nos Estados do Piauí, Maranhão e Pará, mas na ficha da polícia ele tem ligação concreta de pelo menos 20 assassinatos – grande parte Johnantan usou nomes falsos durante a identificação à polícia.

Em depoimento à polícia, Johnatan contou que “costumava degolar as vítimas em suas ações” e nos últimos assassinatos se desfez das armas, como a usada para matar Sá. Ele contou que jogou a pistola no mar enquanto fugia de São Luís para outra cidade em uma travessia de ferry-boat.

O acusado teria dito à polícia que planejava matar o contratante do crime no dia 10 devido à falta de pagamento do “serviço”. Ele contou que recebeu R$ 20 mil e que o grupo que o contratou devia R$ 80 mil. Devido à demora para o pagamento, Silva afirmou que iria assassinar Junior Bolinha, mas foi preso por tráfico de drogas e porte ilegal de arma antes de cometer o crime.

A morte

O jornalista Décio Sá foi assassinado no dia 23 de abril, por volta das 23 horas, quando estava esperando amigos no bar Estrela D’Alva, localizado na Avenida Litorânea, na capital maranhense. Dois homens chegaram em uma moto e um deles deflagrou cinco tiros contra Sá, que morreu na hora.

Após o crime, a dupla na moto, mas depois abandonaram o veículo e fugiram em direção as dunas andando até a área da Curva do 90. Durante a fuga, o executor deixou o pente da pistola cair no local e por meio dele foi reconhecida a arma usada para praticar o crime.