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PM decide investigar suposta agressão de policiais a estudante durante Festa do Peão em SP

Fabiana diz que foi agredida por policiais ao tentar entrar na Festa do Peão de Americana (SP) - Reprodução/Facebook
Fabiana diz que foi agredida por policiais ao tentar entrar na Festa do Peão de Americana (SP) Imagem: Reprodução/Facebook

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

19/06/2013 15h21

O 19º Batalhão da Polícia Militar instaurou nesta terça-feira (18) um procedimento interno para apurar a conduta de cinco policiais acusados de agressão contra a estudante de comunicação Fabiana Ângelo de Oliveira, 23, durante a Festa do Peão de Americana. Ela afirma ter sido espancada por integrantes da PM na noite do último sábado (15) ao tentar entrar na festa. Os policiais negam e registraram um boletim de ocorrência contra Fabiana por desacato, resistência, desobediência e lesão corporal.

O comandante do 19º Batalhão da Polícia Militar, tenente coronel Sergio Ricardo Veneziani Kanno, informou que foi instaurada uma investigação interna a fim de apuração dos fatos. “Queremos analisar os fatos, comparar as versões e ver o que realmente aconteceu. Muitas coisas precisam ser esclarecidas”, informou.

Segundo ele, as versões dos policiais e de Fabiana serão analisadas e testemunhas serão ouvidas. “Vamos analisar se as lesões apresentadas por ela foram resultado da ação dos policiais e se houve força excessiva”, informou.

Fabiana divulgou imagens, por meio de sua página no Facebook, em que aparece com o olho roxo e bem machucada. Segundo ela, o estado é resultado da ação de policiais, que a impediram de entrar no recinto da festa. A estudante mora em São Borja (RS) passaria férias até domingo em Capivari. Por conta de seu estado, acabou optando por permanecer na cidade mais alguns dias.

Paciência

A agressão ocorreu na entrada do recinto. Ela estava acompanhada da irmã no momento da ação da PM. Segundo relato dela à polícia, a confusão começou porque ela não estava com o ingresso em mãos quando foi entrar na arena. Ela foi cobrada pelo controlador de acesso, e pediu a ele paciência enquanto ela achava o ingresso.

O controlador então pediu que ela deixasse a fila, de forma a dar fluxo na entrada. Nesse momento, na versão de Fabiana, um policial chegou, a segurou pelo braço e obrigou que ela deixasse a fila. A jovem reagiu à ação do PM.

"Eu disse para ele que não havia necessidade de me abordar daquele jeito, que ele tinha que respeitar os meus direitos e me tratar de maneira decente", afirmou a estudante, que ameaçou retratar nas redes sociais a forma como estava sendo tratada pela polícia.

Outros dois policiais chegaram ao local e teriam levado Fabiana, contra sua vontade, à base da PM no evento. Lá dentro, ela ressaltar ter levado socos e chutes. "Depois me arrastaram até a base da Polícia Militar na festa, os policiais bateram em mim. Levei socos, chutes, pescoções. Me senti torturada. Nem estou conseguindo abrir os meus olhos direito. Não acredito no que aconteceu até agora", relatou.

Facebook

“Cheguei do consultório do oftalmo agora, e ele disse que tô com uma tremenda hemorragia em ambos os olhos, que devo descansar (…) ainda estou com tanta raiva, tão indignada, tão confusa com tudo o que houve, que fica meio difícil não ficar pensando”, escreveu Fabiana em sua conta do Facebook.

Ela disse que cinco PMs estavam envolvidos e ainda frisou que foi impedida de entrar em contato com as irmãs, que haviam passado pela catraca de entrada da festa antes dela - elas voltaram a se encontrar no final da noite.

O caso foi registrado na tarde de domingo. A estudante passou por exame de corpo de delito e pode apresentar representação criminal contra os policiais dentro de até seis meses por lesão corporal. Além disso, o procedimento da PM pode resultar em punições que variam de advertência a exoneração a bem do serviço público.

Resistência

Na versão dos policiais, Fabiana teria solicitado, por volta das 21h50, o uso do banheiro do posto da PM. Com o pedido negado, os policiais disseram que a estudante os agrediu com um arranhão, chutes e xingamentos. Eles teriam, então, “utilizado de força moderada” para contê-la. No boletim de ocorrência ainda foi citado que a estudante passou pelo Hospital Municipal Doutor Waldemar Tebaldi e foi apresentada ao plantão policial.