Zona leste concentra um terço dos acidentes fatais com ciclistas em SP em 3 anos
Dos 150 acidentes fatais com ciclistas no trânsito de São Paulo ocorridos entre 2010 e 2012, quase um terço foi nas ruas da zona leste. Essa é uma das conclusões dos dados obtidos pela reportagem do UOL via Lei de Acesso à Informação junto à CET (Companhia de Engenharia e Tráfego) de São Paulo, com a localização de todos os acidentes fatais envolvendo ciclistas registrados nos últimos três anos. Foram 49 em 2010, 49 em 2011 e 52 registrados em 2012.
As zonas norte e leste foram as duas únicas regiões da cidade com queda no número de acidentes no período, após um ano violento em 2011. A zona leste teve a queda mais expressiva, com dez acidentes a menos do que em 2012.
Mesmo com a queda, a região mais populosa da cidade concentra o maior número de acidentes fatais em números absolutos, com 55 mortes no período - quase um terço do total -, sendo 13 em 2010, 14 em 2011 e 24 em 2012, mas na proporção do número de acidentes por cada 100 mil habitantes, a zona norte tem o índice mais elevado, com 2,61 para o triênio.
A região central somou dez acidentes no período, sendo dois em 2010, três em 2011 e cinco em 2012. O mais conhecido deles, na avenida Paulista, ganhou grande repercussão na imprensa, quando, em março, a bióloga Juliana Dias, 33, morreu ao ser atropelada por um ônibus, próximo à estação Trianon-Masp do Metrô.
Segundo a CET, os dados foram obtidos a partir de boletins de ocorrência da Secretaria de Segurança Pública e da autuação dos próprios agentes no local, por isso podem contar com imprecisões no preenchimento das informações, quanto à localização exata. No triênio, oito acidentes foram cadastrados como “Sem Identificação” no campo especificado para local e vários não traziam a numeração da rua ou data da ocorrência.
Educação no trânsito
Para o superintendente de Planejamento e Segurança no Trânsito da CET, Ronaldo Tonobonhn, a dispersão dos acidentes fatais pela cidade, no entanto, não está ligada diretamente à densidade populacional. “Quando observamos os acidentes fatais em uma base georreferenciada, vemos que eles são dispersos, apesar de ter maior incidência em regiões onde, por vários fatores, a bicicleta é mais utilizada. Mas entendemos que ele está associado mais ao tipo de via em que ocorrem do que à região”, diz.
Segundo Tonobonhn, nos relatórios da CET, a atividade e escolaridade das vítimas são outro ponto a ponderar. Estudantes com baixa escolaridade são maioria nas estatísticas, um dado que norteia o planejamento futuro da companhia para 2013. “Embora nosso Código de Trânsito considere a bicicleta como um veículo, o ciclista não precisa de habilitação. Ele não precisa ser obrigatoriamente alfabetizado e habilitado a conduzir aquele veículo”, diz.
Estrutura
Segundo a CET, São Paulo conta hoje com 245,31 km de malha cicloviária, sendo 63,21 km de ciclovias, vias separadas do tráfego de automóveis; 58 km de ciclorrotas, rotas recomendadas para o trânsito de bicicletas, com sinalização apenas de placas, e 3,3 km de ciclofaixas definitivas, com pintura no solo, mas sem separação do tráfego, concentradas no bairro de Moema, zona sul. Os restantes 120,8 km – quase metade da malha - são ciclofaixas de lazer, que funcionam somente aos domingos e feriados, das 8h às 16h.
Tonobonhn explica que a meta é atingir 400 km de rede cicloviária na cidade, sem contar as ciclofaixas, até o final da atual gestão, em 2017. “As ciclofaixas de lazer são um equipamento importantíssimo para a cidade, dão visibilidade à bicicleta e passam uma mensagem importante para a sociedade. Mas não são consideradas como rede cicloviária, pois não focam o transporte”, conta.
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