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Em 2012, percentual de domicílios com carro ou moto subiu no Brasil, diz IBGE

Reinaldo Canato/UOL
Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

27/09/2013 10h00

Os lares brasileiros estão cada vez mais com veículos em suas garagens. É o que aponta Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No país, o percentual de domicílios em que ao menos um morador possuía carro chegou a 42,4%, o que corresponde a 26,7 milhões de lares. Já as motocicletas estão presentes em 20% das casas, com 12,6 milhões de unidades.

Em 2011, 40,9% das residências tinham um carro –com aumento 1,3 ponto percentual em 2012. Já o percentual de casas com motos subiu 0,9 ponto entre 2011 e o ano seguinte. 

O estudante universitário Keysson Pereira, 22, realizou o sonho do carro próprio no final do ano. Em 2011, ao passar no vestibular de engenharia, a família o presenteou com R$ 10 mil para dar entrada no carro. Hoje, ele paga prestação uma de R$ 450. 

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“Comecei a estagiar e sempre pedia para meu pai ou alguém da família me buscar para chegar sem atraso à universidade, porque os ônibus demoram muito. Ainda tentei usar bicicleta, mas o calor de Teresina não contribuiu", disse.

Os dados do IBGE mostram que Sudeste e Centro-Oeste superaram, no ano passado, a marca de mais da metade dos domicílios com carro, com 50,7%. O Sul já chegou a 60%, enquanto nas regiões Norte e Nordeste o percentual de residências com carros não chega a 22%.

Diferenças regionais

Os dados da PNAD revelam uma grande diferença regional na distribuição do tipo de veículo. Enquanto no Sul, Sudeste e Centro-Oeste há maior concentração de carros, no Norte e Nordeste a preferência é nos veículos sobre duas rodas.

INFOGRÁFICOS

  • Arte/UOL

    Clique na imagem para ver o perfil dos domicílios brasileiros, segundo a Pnad 2012

  • Arte/UOL

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A situação muda quando subimos no mapa. No Norte e Nordeste há predomínio de motos, que superaram o número de carros em 2012. Segundo a PNAD, no Norte há 27,1 motos por cada 100 domicílios, e no Nordeste, 25,5. Os percentuais superam o de carros, que possuem marcas de 21,5% e 21,3%, respectivamente.

Mobilidade

Os números são divulgados em um momento de preocupação crescente com os problema de trânsito e em que as capitais cobram do governo federal investimentos em mobilidade urbana. Somente as oito maiores regiões metropolitanas do país pediram, em rodada de negociação com governo federal em julho, R$ 51 bilhões para obras.

No ano passado, por conta da crise econômica, o governo federal reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos veículos, numa medida para estimular o consumo. 

Segundo a associação que representa o setor, a Anfavea, em 2012, as vendas no mercado interno chegaram a 3,8 milhões de unidades, o que representou um recorde para a indústria.

Dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) também apontam para um crescimento que, em dez anos, supera em três vezes o da população -- o número de veículos circulando nas ruas cresceu 115%, contra 36% de aumento no número de habitantes. Segundo os dados do Denatran, em julho de 2013, havia 79 milhões de veículos circulando nas ruas.

  • UOL

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Para tentar fugir do trânsito, muitos preferem ir ao trabalho de bicicleta. No Recife, um grupo de pessoas fundou a Ameciclo (Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife) para conscientizar a população a usar a bicicleta como forma saudável e menos complicada para chegar ao trabalho e outros destinos.

O professor de filosofia Franzé Matos, 27, usa a “magrela” para ir a qualquer lugar da capital pernambucana. Na última terça-feira (24), por exemplo, Matos saiu mais cedo de casa para ajudar uma colega a ir para o trabalho pela primeira vez de bicicleta.

“Gasto de sete a dez minutos para percorrer 4 km de distância de casa para o trabalho. De ônibus ou carro particular, gastaria entre 50 e 60 minutos. Com o colapso urbano de mobilidade e engarrafamentos intermináveis, a bicicleta surge como alternativa”, afirmou.

Intervalo de confiança

Por ser uma pesquisa por amostra, as variáveis divulgadas pela Pnad estão dentro de um intervalo numérico, que é o chamado "erro amostral". Não há uma margem de erro específica para toda a amostra.

Diferentemente das pesquisas eleitorais, que têm apenas um indicador em destaque (a intenção de votos de determinado candidato), a Pnad tem dezenas de indicadores e o valor de cada um deles oscila dentro do seu intervalo específico. Isso também se aplica à taxa de analfabetismo, segundo a assessoria do IBGE.

Se o intervalo da taxa referente ao ano analisado coincide total ou parcialmente com o intervalo do mesmo coeficiente de anos anteriores, os dados não apresentarão variação significativa do ponto de vista estatístico, ainda que os números sejam diferentes. Isso, no entanto, não invalida o resultado da amostra, de acordo com o órgão.