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Polícia Civil se recusa a atuar em conjunto com PM em manifestação no Rio

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

15/10/2013 15h09

A Polícia Civil declinou do convite do comandante da Polícia Militar, tenente-coronel José Luís Castro Menezes, para acompanhar a ação dos policiais militares durante protesto nesta terça-feira (15) no centro do Rio de Janeiro.

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Além da Civil, Menezes convidou o Ministério Público, que confirmou a participação. A manifestação, marcada para as 17h na Candelária, pede educação pública de qualidade e apoia a greve de professores do município e do Estado.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que “não vai atuar filmando as ações de policiais militares durante as manifestações por entender que esta é uma atribuição da própria PM”. Em outra nota, disse ainda que “o policiamento ostensivo é de responsabilidade da Polícia Militar”.

Em entrevista ao UOL na manhã desta terça-feira, antes do posicionamento da Civil, o comandante da PM afirmou que o convite partiu diretamente dele. “Eu convoquei uma reunião chamando o Sepe (Sindicato Estadual de Profissionais de Educação), o Ministério Público e a Polícia Civil. Eu pedi por ofício que a Polícia Civil acompanhasse as nossas abordagens”, disse.

“Eu pedi ao Ministério Público que acompanhasse as nossas abordagens. Eu pedi ao Sepe que colaborasse ao Sepe que colaborasse com a nossa atuação. Isso tudo foi uma iniciativa do comando da corporação”, afirmou o comandante. 

O Ministério Público informou que atuará na manifestação com a presença de três promotores e um número não divulgado de agentes do CSI (Centro de Segurança Institucional e Inteligência) acompanhando a atuação dos policiais militares.

A reportagem procurou novamente a Polícia Militar para comentar a recusa da Polícia Civil em atuar no protesto desta terça, conforme o pedido do comandante da PM.

O tenente-coronel Menezes não foi encontrado para comentar o posicionamento da Polícia Civil. O relações-públicas da PM, tenente-coronel Claudio Costa, não quis se posicionar sobre o caso.

Excessos

A participação do Ministério Público no protesto desta terça-feira ocorre após uma série de ações desastradas de policiais militares em ocasiões anteriores. No último grande protesto no Rio, a estudante Anne Melo, 20, foi detida por desacato, segundo ela, porque teria sido chamada de "gostosa" por um agente da Tropa de Choque da Polícia Militar.

Revoltada, a jovem hostilizou a guarnição --que passava pelo Bairro de Fátima, no centro da capital fluminense-- com adjetivos como "ratos", "imundos" e "cachorrinhos do Cabral", e acabou recebendo voz de prisão de um policial identificado como "tenente Ávila".

Em outra manifestação dos professores grevistas, no dia 1º, além de diversas cenas de violência policial contra os representantes da categoria e também de manifestantes ligados aos black blocs, imagens mostradas posteriormente comprometeram a PM, como a de um suposto flagrante forjado contra um adolescente, um outro policial flagrado em cima do prédio da Câmara jogando objetos contra os manifestantes e a foto de um PM no Facebook, mostrando um cassetete quebrado com a legenda "foi mal fessor".

Novo batalhão

O relações-públicas da PM informou ainda que o novo Batalhão para Grandes Eventos irá às ruas pela primeira vez em uma manifestação no protesto desta terça no centro do Rio. O grupamento, criado há aproximadamente 30 dias, é formado por 500 agentes de outros batalhões do Estado.

Além das manifestações, o batalhão será responsável pelo policiamento ostensivo em eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas, com o apoio de outras unidades da PM.

“Esses homens já estão atuando em eventos como jogos de futebol. Para atuar em protestos, passaram por treinamentos estudando situações de caso”, disse Costa.

A criação do novo batalhão foi anunciada pelo comandante da PM em setembro. Na entrevista, o tenente-coronel trabalhava com o ano de 2014 para o início da operação dos policiais, mas, segundo a PM, o planejamento foi revisto. O motivo não foi informado pela corporação.

Em entrevista ao UOL na ocasião do anúncio,  o relações-públicas afirmou que a criação do novo batalhão fazia parte de um processo de adaptação "à nova realidade dos protestos no Rio".

Dia do Professor

O Dia do Professor deve ser marcado por protestos em ao menos 15 cidades brasileiras. Organizados pelas redes sociais, os atos pela educação têm diferentes pautas, mas todos citam a necessidade de melhorias no ensino público e o apoio aos professores do Rio, que estão em greve desde o dia 8 de agosto.

Mais de cem mil pessoas confirmaram pela internet a presença nas ruas do Rio, Macaé, São Paulo, Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Curitiba, Londrina, Cascavel, Salvador, Recife, Fortaleza, João Pessoa e São Luís.

Na capital fluminense, a manifestação intitulada "Um milhão pela Educação" tinha mais de 89 mil pessoas confirmadas no Facebook. O ato foi organizado pelo Sepe.