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Advogado sugere que publicitária agredida no trânsito mentiu sobre hematomas

Jessica Otte, de 24 anos, e sua comapanheira, Amanda Carbone, 28 - Davi Ribeiro/Folhapress
Jessica Otte, de 24 anos, e sua comapanheira, Amanda Carbone, 28 Imagem: Davi Ribeiro/Folhapress

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

27/11/2013 20h43Atualizada em 27/11/2013 22h26

O suspeito de agredir Jessica Otte, 24, durante uma briga de trânsito em São Paulo no último sábado (23) vai processar a publicitária e a companheira dela, Amanda Carbone, 28, por denunciação caluniosa, informou nesta quarta-feira (27) Paulo Roberto Barros Dutra, advogado do motorista --que ainda não teve o nome divulgado pela polícia.

Em depoimento prestado hoje no 15º DP (Itaim Bibi), o suspeito negou que tenha agredido Jéssica com um soco e afirmou que “apenas a empurrou”. Jéssica aparece com hematomas no rosto em foto que acompanha reportagem do jornal "Folha de S.Paulo".

“Que ela tem hematomas é indiscutível. Mas isso não foi causado pelo meu cliente. O que eu posso afirmar com toda certeza é que meu cliente não agrediu a Jéssica”, disse Dutra. “A foto que a 'Folha' fez, aliás, é uma foto produzida. Não é uma foto de momento”, disse.

Segundo Dutra, o que aconteceu foi uma briga de trânsito. “Foi um desentendimento normal, que acontece diariamente no trânsito, agravado por uma versão midiática."

Questionado sobre os motivos que Jéssica teria para mentir, Dutra disse que não saberia dizer.

"Não sei informar. Mas é a coisa que mais acontece, como o caso da Escola Base", afirmou, referindo-se a erros da imprensa como o que aconteceu no episódio de 1994, quando donos da escola foram injustamente acusados de molestar crianças.

Jéssica afirmou ter sido agredida porque não avançou com o carro logo que o sinal abriu, na rua Groenlândia, nos Jardins (zona oeste).

Ela estava acompanhada de Amanda. Ainda segundo Jéssica, mais adiante, na esquina da avenida Brigadeiro Luís Antônio, uma Hilux dirigida por um homem teria se aproximado e dado pancadas em seu Fiesta. Ela, então, saiu do carro para fotografar a batida, quando foi surpreendida com um soco no rosto e um empurrão, ainda de acordo com a publicitária. A mulher do agressor também teria saído do carro e agredido Jéssica e, depois, ambos teriam fugido.

De acordo com o advogado do motorista, porém, “tudo foi distorcido pela dona Jéssica”. “Isso foi criado. É uma divergência de realidade a alegação de que meu cliente a teria agredido”, disse. "E meu cliente não saiu em alta velocidade, ninguém fugiu", completou.

Dutra também negou que a mulher do motorista tivesse agredido a jovem. "Meu cliente é idoso e a mulher dele também, ambos têm mais de 60 anos. A esposa saiu do carro porque o meu cliente estava sendo agredido verbalmente", afirmou o advogado, que ainda negou qualquer reação motivada por homofobia. "Até que elas saíssem do carro meu cliente não viu quem estava no veículo."

A reportagem entrou em contato com Jéssica, mas ainda não obteve retorno.

Delegada desmente laudo

O advogado afirmou, ainda, que um exame de corpo de delito já teria comprovado que não há ferimentos nas mãos do motorista, bem como uma perícia do IC (Instituto de Criminalística) já teria descartado qualquer dano no veículo da publicitária.

A delegada Ligia Pimentel, do 15º DP, no entanto, negou que os resultados desses laudos já tenham saído. “O laudo do IC, por exemplo, demora quatro meses para chegar à delegacia”, disse.

De acordo com a delegada, a polícia agora aguarda as imagens do circuito de segurança de estabelecimentos comerciais próximos ao local do incidente. Além disso, uma testemunha já foi convocada pela defesa do motorista.