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PF investiga presidente do banco estatal de Santa Catarina por suspeita de crime contra o sistema financeiro

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

18/01/2014 06h00

A PF (Polícia Federal) investiga indícios de crime contra o sistema financeiro e malversação de verbas federais cometidas entre 2005 e 2012 pelo então prefeito de Blumenau (SC) e atual presidente do Badesc (Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina), João Paulo Kleinubing.

Nas próximas semanas, o delegado de polícia federal Anníbal Gaya, da delegacia de Itajaí, irá chamar Kleinubing para prestar esclarecimentos acerca das ações investigadas pelo Ministério Público Estadual de Santa Catarina (MPE-SC) na Operação Tapete Negro, que revelaram um esquema de superfaturamento em obras e licitações principalmente de asfalto que teria gerado um prejuízo de R$ 100 milhões aos cofres de Blumenau.

Entenda o esquema

Durante a operação, foram interceptadas as ligações telefônicas de 28 suspeitos, entre eles vereadores e secretáros de Estado. Além disso, foram apreendidos documentos na sede da prefeitura, em secretarias e estatais municipais.

Conforme revelou o UOL na última quinta-feira (16), o MPE-SC denunciou Kleinubing à Justiça de Santa Catarina no fim do ano pasado por três crimes, entre eles fraude em licitações.

Em escutas telefônicas instaladas pelo MPE com autorização da Justiça, Kleinubing foi gravado dando ordens para um secretário municipal para que forjasse documentos de obras públicas de pavimentação para obter irregularmente verbas do Badesc na ordem de R$ 30 milhões.

INVESTIGADOS NEGAM CRIMES

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No fim do ano passado, todo o material produzido pelos promotores estaduais foi solicitado pela Polícia Federal. “Enxergamos indícios de crime contra o sistema financeiro, que é um delito que deve ser julgado na esfera da Justiça Federal”, explica o delegado federal Anníbal Gaya.

 

De acordo com ele, se as autoridades públicas confeccionaram um projeto fraudulento de obra pública a fim de obter um financiamento de uma instituição financeira estatal (Badesc), está caracterizado o crime contra o sistema financeiro.

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“Além disso”, complementa, “parte dos recursos utilizados pelo Badesc em suas ações de fomento são advindos dos cofres do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o que torna legítima a ação investigatória da Polícia Federal, que deve zelar pelo patrimônio da União”.

 

Gaya disse também que não apenas João Paulo Kleinubing será chamado a prestar esclarecimentos, mas também seu então secretário de obras, Alexandre Brollo, e o então presidente da URB (Companhia Urbanizadora dre Blumenau), Eduardo Jacomel.

 

Ao UOL, tanto Kleinubing quanto Brollo afirmaram ser inocentes e não terem participado de qualquer esquema de enriquecimento ilícito ou desvio de verba pública. Já o ex-presidente da URB Eduardo Jacomel foi procurado pela reportagem, mas não respondeu aos telefonemas, aos e-mails e às mensagens em redes sociais.