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Cratera em obra do metrô "afofou" solo de rua em Ipanema, diz engenheiro

Durante a madrugada do dia 11, surgiram buracos em frente aos prédios 132, 133, 137 e 141 da rua Barão da Torre - Hanrrikson de Andrade/UOL
Durante a madrugada do dia 11, surgiram buracos em frente aos prédios 132, 133, 137 e 141 da rua Barão da Torre Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

20/05/2014 12h12Atualizada em 20/05/2014 15h20

O acidente que provocou a abertura de uma cratera na rua Barão da Torre, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, no dia 11 de abril, "afofou" o solo da via --formado por uma extensa faixa de areia sobre blocos de rocha--, segundo informou nesta terça-feira (20) o engenheiro Aluísio Coutinho, gerente de produção do Consórcio Linha 4 Sul, em entrevista coletiva convocada pelo governo do Estado.

Segundo ele, o fato não gera risco para os moradores da região, uma vez que, já nos próximos dias, serão feitas injeções de concreto para enrijecer a areia, e assim permitir a continuidade das escavações. A obra deve ser retomada em um prazo de 45 a 60 dias.

"Uma coisa encosta na outra. A areia encosta na outra. A areia encosta na rocha, formando o que a gente chama de zona de contato. Por ser uma área que demanda uma técnica toda especial, foi feito um tratamento prévio. A gente vai iniciar agora um trabalho nos próximos dias”, afirmou. “Além daquele assentamento que ocorreu na superfície, o terreno naquela região afofou. Ficou mais fofo. A areia estava compacta e comprimida, mas ela ficou fofa ao acontecer isso."

Os moradores, no entanto, relatam que rachaduras apareceram nos prédios há cerca de um ano, quando as obras na região tiveram início.

Questionado sobre a possibilidade de novos acidentes, Coutinho disse confiar no sistema de monitoramento de eventos relacionados à obra de construção da Linha 4, que, segundo ele, é capaz de identificar eventuais danos estruturais.

"A probabilidade de voltar a ocorrer [um afundamento] é muito baixa", declarou. Sobre o acidente do dia 11, o engenheiro disse se tratar de um "comportamento anormal e pontual", provocado por um bloco de rocha que se desprendeu e caiu dentro da máquina de escavação.

"O bloco caiu para dentro da câmara e começou um efeito de desarticulação dos blocos vizinhos. (...) Essa queda foi resultante de um comportamento anômalo da rocha. Fazendo uma analogia, é como se fosse um efeito dominó. Cai o primeiro e aí você propaga um processo para as duas laterais. Nisso, houve o contato com a zona de areia e o impacto chegou até a superfície", explicou.

Além da cratera formada na calçada da rua Barão da Torre, alguns prédios vizinhos sofreram danos em sua estrutura externa. Os serviços de água e gás chegaram a ser interrompidos para que os técnicos trabalhassem no local --o buraco foi preenchido com concreto. Coutinho informou ainda que, após o acidente, uma ampla vistoria nas residências da região não identificou prejuízos em relação à infraestrutura das edificações.

"Em momento algum, houve qualquer dano estrutural provocado pela obra do metrô. Nós temos um monitoramento de riscos, e o que já ocorreu foi o surgimento de recalques. Eles surgem com a movimentação do solo e são inerentes à escavação. São pequenas fissuras estéticas, que aparecem em questão de milímetros. Essas fissuras não impactam, mas são importantes", disse.

A Linha 4 Sul ligará Ipanema à Barra da Tijuca, na zona oeste, e a previsão é que entre em operação a partir de 2016 para servir mais de 300 mil pessoas por dia. O projeto é um dos compromissos do Governo do Estado do Rio de Janeiro com o Comitê Olímpico Internacional por ocasião dos Jogos Olímpicos.