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Rodoviários rejeitam acordo no TRT e vão parar 100% da frota de Natal na 4ª

Aliny Gama

Do UOL, no Recife

24/06/2014 17h10Atualizada em 24/06/2014 17h22

O Sintro (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Natal), filiado à CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), reuniu rodoviários numa assembleia relâmpago realizada no início da tarde desta terça-feira (24). A categoria não aceitou o aumento determinado pela Justiça e decidiu que nesta quarta-feira (25) a frota ficará 100% nas garagens e Natal ficará sem ônibus.

No início da tarde, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) havia determinou o fim da greve dos rodoviários de Natal, que já dura 13 dias, após julgamento do dissídio da categoria ocorrido nesta terça-feira (24).

A Justiça determinou ainda o reajuste de 7,32% nos salários dos rodoviários e o aumento de R$ 10 no tíquete alimentação. O preço da passagem de ônibus não sofreu reajuste e continua R$ 2,20. O novo salário dos motoristas de ônibus será de R$ 1.557,48, retroativo a 1º de maio.

Justiça considerou paralisação abusiva

O TRT também considerou abusivo o movimento dos rodoviários e informou que os empresários podem demitir por justa causa os trabalhadores que faltarem ao serviço a partir desta quarta-feira.

A Justiça de decidiu, ainda, ampliar o percentual dos ônibus em que motoristas acumulam a função de cobrador para 50%. Atualmente, esse sistema atinge 40% da frota de Natal.

Os rodoviários entraram em greve no último dia 12, no dia da abertura da Copa do Mundo, o que afetou cerca de 530 mil pessoas por dia, entre moradores e turistas de Natal, que é uma das cidades-sede.

O relator do processo de dissídio, desembargador Eridson Medeiros, informou que o Sintro já acumula a dívida de R$ 250 mil em multas por descumprimento da frota de ônibus mínima durante a greve.

O Sintro pleiteava o reajuste de 16% nos salários e no tíquete alimentação, de R$ 197,35 para R$ 450. Na semana passada, a categoria recusou a proposta de aumento de 6,5%, baseado na inflação, dada pelo Seturn (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal). No último dia 12, o Sintro já havia recusado a proposta da classe patronal de 5,68%, seguindo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

O prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT), reuniu-se com rodoviários na segunda-feira (23), no Palácio Felipe Camarão, para dialogar com a categoria, mas sem sucesso. A prefeitura informou que “somente com o resultado do julgamento, a prefeitura, por intermédio da Semob (Secretaria de Mobilidade Urbana), terá condições de avaliar os pleitos dos trabalhadores e dos empresários e emitir um posicionamento.” A possibilidade de aumento de R$ 0,10 na tarifa não está descartada.

Frota nas ruas

Toda a frota de ônibus já está circulando nesta terça-feira, em cumprimento à determinação do TRT de que os rodoviários deveriam manter a frota de 90% nas ruas em dias de jogos da Copa do Mundo. Hoje, Itália e Uruguai jogam na Arena das Dunas. Segundo o Sintro, todos os ônibus estão nas ruas porque não é viável barrar a saída de somente 10% da frota.

Caso haja descumprimento, o desembargador Carlos Newton de Sousa Pinto determinou a aplicação de multa de R$ 100 mil.

No último dia 11, o desembargador José Rêgo Júnior determinou que os rodoviários mantivessem pelo menos 70% da frota operando em horário de pico e 50% nos horários de pouca demanda de passageiros. O horário de pico compreende o intervalo entre as 5h e as 9h e entre as 16h e as 20h.

Prejuízos

O comércio de Natal contabilizou a queda de 70% nas vendas e cogitou a possibilidade de demissões no setor.

Durante o período da greve, o transporte coletivo está sendo feito com o reforço de micro-ônibus, vans e táxis-lotação que se cadastraram na prefeitura para fazer o transporte alternativo. Apesar da liberação do transporte alternativo, a oferta do transporte não conseguiu atender a alta demanda.