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Rodoviários em Natal mantêm greve; comércio vê queda de 70% nas vendas

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

18/06/2014 13h22

Rodoviários de Natal não entraram em acordo com a classe patronal, em reunião ocorrida nesta quarta-feira (18), e a greve continua. A paralisação de motoristas e cobradores já dura sete dias e o comércio contabiliza queda de 70% nas vendas no centro de Natal, que é uma das cidades-sede da Copa do Mundo. A greve começou no dia da abertura da Copa do Mundo, prejudicando turistas e moradores da cidade.

A reunião entre o Sintro (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Natal), filiado à CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), o Seturn (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal) e a Semob (Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana) durou cerca de três horas e foi intermediada pelo desembargador Carlos Newton Pinto.

A categoria reivindica 16% de reajuste salarial e o aumento do valor do ticket-alimentação de R$ 197,35 para R$ 450. Esta é a segunda vez que os rodoviários recusam proposta da classe patronal. Na reunião desta quarta-feira, os empresários propuseram o aumento de 6,5%, baseado na inflação. No último dia 12, o Sintro já havia recusado a proposta da classe patronal de 5,68%, seguindo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

Os rodoviários devem se reunir nesta tarde para avaliar as ações da greve. Uma parte da categoria já pressiona para que a frota de ônibus seja paralisada em 100%.

O Seturn afirmou que não tem como atender à proposta do Sintro sem reajuste no preço da tarifa de ônibus. Atualmente o preço da tarifa é de R$ 2,20.

O diretor de comunicação do Seturn, Nilson Queiroga, destacou que o valor da passagem se manteve o mesmo há 42 meses, apesar dos reajustes dos preços do óleo diesel e dos salário dos empregados, além dos impostos.

A secretária da Semob, Elequicina dos Santos, descartou reajuste na tarifa e redução de impostos municipais às empresas de ônibus.

Sem acordo entre as partes, o processo do dissídio coletivo será encaminhado ao relator, desembargador Eridson Medeiros. O Pleno do Tribunal deverá julgar o dissídio no próximo dia 24, mesmo sendo feriado devido à realização do jogo Itália x Uruguai, na Arena das Dunas.

O presidente do TRT-RN, José Rêgo Júnior, destacou que vai julgar a abusividade da greve, pois “a Justiça do Trabalho está atenta para não permitir que ninguém se aproveite da realização da Copa do Mundo em Natal para tirar proveito político, seja partidário ou sindical", frisou o presidente.

Frota mínima

Cerca de 520 mil pessoas por dia são prejudicadas com a greve dos rodoviários, segundo estimativas da Semob. Durante o período da greve, o transporte coletivo está sendo feito com o reforço de micro-ônibus, vans e táxis-lotação que se cadastraram na prefeitura para fazer o transporte alternativo.

A Justiça determinou que o Sintro circule com 90% da frota das 15h às 23h em dias de jogos da Copa em Natal. Caso haja descumprimento, o desembargador Carlos Newton de Sousa Pinto determinou a aplicação de multa de R$ 100 mil.

No último dia 11, o desembargador José Rêgo Júnior determinou que os rodoviários mantivessem pelo menos 70% da frota operando em horário de pico e 50% nos horários de pouca demanda de passageiros. O horário de pico compreende o intervalo entre as 5h e as 9h e entre as 16h e as 20h. 

Prejuízo no comércio

Representantes da Fecomércio/RN (Federação do Comércio), da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Natal) e da Associação Comercial do Rio Grande do Norte se reuniram com o desembargador José Rêgo Júnior, nessa terça-feira (17), para relatar o prejuízo que o setor vem enfrentando devido a greve dos rodoviários.

Segundo os lojistas, o setor contabilizou a queda de 70% nas vendas e já cogita a possibilidade de demissões.

O presidente da Fecomércio/RN, Marcelo Fernandes Queiroz, disse que os empresários estão preocupados com demora da finalização da greve dos rodoviários, "que já está causando grandes prejuízos com acentuada queda nas vendas, além de causar muitos transtornos às pessoas que dependem dos ônibus para se deslocarem aos locais de trabalho".