Policiais contaminados no acidente do césio 137 ganham direito à pensão
Dois policiais que prestaram serviço de isolamento nos locais contaminados pelo Césio-137, em setembro de 1987, em Goiânia (GO), ganharam o direito de receber pensão vitalícia paga pelo governo goiano. A decisão foi tomada por unanimidade no TJ-GO (Tribunal de Justiça de Goiás).
Os agentes, que trabalhavam com o depósito dos dejetos radioativos, desenvolveram doenças crônicas em virtude da exposição à substância.
Na decisão, o relator do processo, desembargador Zacarias Neves, concluiu que os policiais comprovaram todos os pré-requisitos para o recebimento da pensão: trabalharam na área de risco do acidente; demonstraram que não foram monitorados --a despeito da exposição radioativa--, são portadores de doenças crônicas e não receberam pensão anterior.
No texto, o juiz não explicitou qual será o valor da pensão a ser recebida pelos agentes.
O acidente
Prestes a completar 27 anos, o acidente aconteceu depois que catadores de papel pegaram um aparelho de radioterapia de uma clínica abandonada no antigo Instituto Goiano de Radioterapia, no centro de Goiânia. Os catadores venderam o aparelho a um ferro-velho, que o abriu, expondo ao ambiente o composto químico conhecido como cloreto de césio-137, um pó branco --parecido com o sal de cozinha-- que, no escuro, brilha com uma coloração azul.
Depois que as pessoas que entraram em contato com o pó começarem a mostrar os primeiros sintomas de contaminação, a esposa do proprietário do ferro-velho levou a máquina até a sede da Vigilância Sanitária. Após investigações na capital goiana, a equipe do órgão constatou altos índices de radiação no setor Aeroporto e em suas imediações, local onde se encontrava o ferro-velho.
O trabalho de descontaminação dos locais atingidos reuniu aproximadamente 6.000 toneladas de lixo contaminado. O material encontra-se confinado em 1.200 caixas, 2.900 tambores e 14 contêineres, que estão revestidos com concreto e aço em um depósito construído na cidade de Abadia de Goiânia, onde ele deve ficar por aproximadamente 180 anos.
De acordo com a Associação de Vítimas do Césio-137, o número de vítimas chega a 80. Em 2012, o governo federal reconhecia 120 pessoas como contaminadas, enquanto o governo de Goiás admitia um número quase dez vezes maior, 1.032 casos. Até hoje, esse é considerado o maior acidente radioativo fora das usinas nucleares no mundo.
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