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Zelador é condenado a 36 anos de prisão por matar duas jovens no PR

Raimundo Gregório da Silva, 56, chega ao fórum de Campo Mourão (PR) para julgamento - Carlos Ohara/UOL
Raimundo Gregório da Silva, 56, chega ao fórum de Campo Mourão (PR) para julgamento Imagem: Carlos Ohara/UOL

Carlos Ohara

Do UOL, em Campo Mourão (PR)

24/09/2014 02h05Atualizada em 24/09/2014 12h19

Raimundo Gregório da Silva, 56, conhecido como "Maníaco da Fossa", foi condenado a 36 anos de reclusão por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáveres em sessão do tribunal do júri encerrada no final da noite de terça-feira (23) em Campo Mourão, na região oeste do Paraná.

Silva é assassino confesso das adolescentes Dimetria Laura Gênero, 14, e Iara Pacheco, 19, que estudavam no colégio onde ele trabalhava. Os crimes, que tiveram repercussão nacional, ocorreram em 2008 e 2010. As duas estudantes foram mortas com golpes de marreta. Os corpos foram incinerados e as cinzas foram espalhadas em uma horta que abastecia a merenda escolar.

O julgamento foi fechado ao público e à imprensa. Apenas familiares das vítimas e pessoas previamente cadastradas tiveram acesso ao salão do júri. A Polícia Militar bloqueou o trânsito próximo ao fórum para evitar manifestações.

A sentença foi lida pelo juiz Fabrício Voltaré, 15 horas após o início do júri. Silva foi condenado a 17 anos e seis meses pela morte de cada uma das jovens. A pena foi acrescida em 18 meses pela ocultação e destruição dos cadáveres das vítimas.

Vestida com uma camiseta que trazia a estampa de uma foto da filha, Maristela Pacheco, mãe de Iara, disse que a decisão do júri provocou apenas um alívio. "Eu esperava que ele pegasse pelo menos uns 60 anos de cadeia. Acho que ele tinha que passar o resto da vida na prisão. Não tenho dó e nem piedade", disse ela.

O advogado Élson de Souza Novaes, nomeado pela justiça para defesa de Silva, disse que pretende apresentar recurso contra a sentença. Novaes diz acreditar que pode conseguir a redução "em três ou quatro anos" em relação ao prazo total a pena imposta.

Os crimes

As mortes foram descobertas em 2010, quando a polícia investigava o desaparecimento da estudante Dimetria , ocorrido em 2008 Mensagens de texto enviadas pelo celular de Dimetria para familiares informavam que ela estava bem, morando em São Paulo. O zelador dizia que também recebia mensagens da menina em seu telefone. Ao rastrear a localização do chip da operadora, policiais descobriram que as mensagens estavam sendo enviadas através de torres de operadoras localizadas em Campo Mourão.

Com mandado de busca autorizado pela Justiça, a polícia do Paraná fez buscas no interior do colégio e na casa do zelador, localizada dentro do terreno da escola. Em vários pontos foram encontradas roupas femininas. Parentes de outra aluna desaparecida, Iara, reconheceram as roupas da adolescente. Os policiais localizaram ainda uma fossa desativada, onde o zelador havia escondido parte das ossadas das adolescentes.

Descoberto, Silva fugiu e foi preso dias depois em Sarandi, a 100 km de Campo Mourão. Ele confirmou a autoria dos crimes e disse que era "apaixonado' por Dimetria. O zelador confessou que matou a jovem porque soube que ela pretendia fugir para São Paulo para se encontrar com um rapaz que havia conhecido pela internet. Ele disse que atraiu a menina para sua casa e, após oferecer um copo de refrigerante com sedativos, esperou ela adormecer e a matou com golpes de marreta.

Sobre a morte de Iara, ele contou que a estudante havia pedido dinheiro a ele para consumir crack. Silva teria exigido em troca que a jovem mantivesse relações sexuais com ele. Após o ato, ele teria jogado uma moeda no chão e, quando Iara se abaixou para recolher, recebeu uma marretada na cabeça. Seguindo o mesmo roteiro da morte de Dimetria, Silva enterrou inicialmente o corpo em uma cova, na horta da escola, e, depois de alguns meses, desenterrou o que sobrou e queimou em uma fogueira. As cinzas foram espalhadas como adubo na horta. Partes dos ossos que não foram consumidos totalmente pelo fogo foram jogados na fossa da escola.

Pai de seis filhos, o zelador trabalhou durante 18 anos na escola estadual Vinicius de Moraes, cenário dos crimes. Ele participava de um programa de distribuição de leite a famílias carentes no bairro e chegou a disputar uma vaga na Câmara de Vereadores no ano de 2000, concorrendo pelo PSB. Ele deve cumprir pena no presídio de Cruzeiro do Oeste, onde está preso desde 2010.