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Facção criminosa ataca ônibus e casas de policiais na Grande Florianópolis

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

28/09/2014 20h45

O governador em exercício de SC, Nelson Martins, disse em entrevista coletiva, na tarde deste domingo (28), que os ataques incendiários a três ônibus neste fim de semana na Grande Florianópolis foram ações de uma facção criminosa.

A Polícia Militar informou que as casas de dois policiais e um posto da corporação também foram alvos de atentados. Não houve feridos. Um suspeito pelos ataques foi morto pela PM.

As informações dos ataques às forças de segurança e da morte do suspeito só foram reveladas pelas autoridades depois da reunião de emergência da cúpula da segurança estadual, convocada pelo governador Martins, realizada às 15h no QG da PM.

Martins determinou reforço na segurança de delegacias e quartéis, repetindo estratégia de enfrentamento adotada pelo titular Raimundo Colombo (PSD) nas ondas de violência atribuídas à facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense) em 2012 e 2013.

Em reunião com os empresários de transporte coletivo no final da tarde de domingo, as autoridades prometeram  escolta às linhas de ônibus que ligam o terminal urbano de Florianópolis com as cidades vizinhas de Palhoça e São José, epicentro da violência, onde ocorreram os dois ataques a ônibus de sexta-feira (26), início da onda.

O secretário de segurança César Grubba disse que o terceiro ataque contra ônibus ocorrido na manhã (7h15) deste domingo foi cometido por um bando de 10 homens. Os suspeitos teriam agido como vingança depois da morte (às 3h40) de um homem pela PM.

O morto era suspeito de pertencer ao PGC. Ele teria sido abordado pela PM como suspeito de um dos atentados de sexta, teria trocado tiros com uma guarnição, sendo baleado.

Um homem que estava com ele foi ferido e está hospitalizado. Só há versão oficial para o episódio, as famílias dos envolvidos ainda não foram localizadas.

O comando da PM confirmou também o dado que até então não fora comunicado pelas autoridades à imprensa: na mesma onda de ataques aos ônibus, casas de policiais também foram alvos de atentados. Os detalhes e endereços não foram revelados por medida de segurança.

A coronel PM Claudete Lemhkuhl disse que oito dos agressores já foram identificados e estão sendo procurados pela polícia.

Na investigação dos incêndios de sexta, o delegado Procópio Batista disse que a Polícia Civil identificou um homem e três adolescentes como suspeitos.

Ele afirmou que os quatro seriam ligados à uma facção criminosa, sem citar o nome dela. A única facção conhecida e atuante em SC é o PGC.

O primeiro ataque ocorreu às 23h de sexta, em Palhoça. Palhoça e São José são cidades vizinhas a São Pedro de Alcântara, onde está o presídio de segurança máxima, identificado como base do PGC.

A PM apurou que no ataque os criminosos obrigaram 20 passageiros a descer do ônibus e atearam fogo no veículo.

Pouco depois do primeiro incidente, a polícia de São José foi chamada durante um assalto a um ônibus no bairro Bela Vista. Dois homens levaram o dinheiro de alguns passageiros e incendiaram o veículo. Ninguém foi ferido e os assaltantes não foram identificados.

A suspensão parcial do transporte coletivo no terminal urbano de Florianópolis neste domingo pela manhã afetou cerca de 40 mil pessoas.

O PGC orquestrou as duas ondas incendiárias notáveis vividas pelo Estado em novembro de 2012 (58 ataques, 27 ônibus incendiados em 16 cidades) e fevereiro de 2013 (111 ataques em 36 cidades com 45 ônibus queimados).

A motivação dos ataques foi obter regalias para as lideranças dos presos nas cadeias. Eles ordenaram as ações, conduzidas por seus comparsas nas ruas.

A violência acabou depois que a Força Nacional de Segurança ocupou os presídios, isolou os líderes e transferiu 40 deles para cadeias fora de SC. Cerca de 120 pessoas foram presas e acusadas pelos crimes.

Em maio, 83 dos atacantes foram condenados pela Justiça a penas que somadas chegam a mil anos. Os líderes identificados como Dexter e Rodrigo da Pedra, pegaram 19 e 17 anos, respectivamente.