'Tartaruga eletrônica' será usada para evitar ataques de tubarão no Recife
Dispositivo que imita uma tartaruga marinha deverá ser usado em pesquisa para reduzir ataques de tubarão no Recife (PE). O equipamento imita sons do réptil e atrairá tubarões que estejam próximos de banhistas.
Em Pernambuco, segundo o Cemit (Comitê de Monitoramento de Incidentes com Tubarão), desde 1992, 60 pessoas já foram vítimas de ataques de tubarão.
O litoral do Estado tem 32 km de áreas restritas para banho --que vão da praia do Fortim do Queijo, em Olinda, até a praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho, região metropolitana do Recife.
A AST (Armadilha Seletiva para Tubarões), como é chamada a tartaruga eletrônica, foi desenvolvida pelo engenheiro florestal Fernando Encarnação, que tem mestrado em energia nuclear e doutorado em física pela USP (Universidade de São Paulo).
O dispositivo foi criado entre 1994 e 1998, passou por fase de testes e está pronto para ser usado na pesquisa que vai descobrir os hábitos dos tubarões que passam pelo litoral de Pernambuco.
Como funciona
A tartaruga eletrônica emite sons de respiração e de mastigamento semelhantes aos das tartarugas marinhas, presa natural do tubarão. O equipamento tem peças feitas em inox e mede 1,30 m de comprimento e 80 cm de largura.
A AST é instalada no mar, em área usada por banhistas. O dispositivo fica ancorado, flutua sobre a água e faz movimentos parecidos com os do réptil.
“Quando o tubarão percebe o equipamento, olhando de baixo para cima, ele esquece qualquer outro objetivo e não atacará os banhistas, pois a tartaruga marinha é uma refeição que ele não pode deixar passar”, disse o engenheiro.
A captura do tubarão será feita por meio da mordida dele no equipamento. A arcada dentária ficará presa logo no primeiro ataque. Ao detectar a presença do animal, o equipamento vai emitir sinais para a equipe de monitoramento. Uma bandeira vermelha subirá para informar aos banhistas que há presença de tubarão na área.
A equipe se deslocará até o local em uma espécie de jangada e em moto aquática para rebocar o equipamento e o animal até a praia. Ao mesmo tempo, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar serão avisados para reforçar a segurança para que banhistas não entrem no mar naquela área. Ao final do procedimento, o animal será liberado.
“A gente cobre os olhos do tubarão, prende a cauda e ele fica superdócil. Para mantê-lo vivo, injetamos uma mangueira na boca do animal com água e oxigênio enquanto colocamos o geoposicionador na pele e injetamos o piercing identificador. O tubarão será solto no mesmo local e na mesma profundidade em que foi capturado”, afirmou Encarnação.
O estudo prevê a instalação de cinco equipamentos, porém com número desejável de dez para que cubra área de 1 km de praia. A equipe é formada por biólogo, engenheiro de pesca e oceanógrafos. O equipamento vem sendo testado, desde 2004, nas praias de Boa Viagem e de Piedade.
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