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Mãe de Eduardo lamenta não poder reunir todos os filhos: não tem mais como

Eduardo foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça na porta de casa, no Alemão - Fábio Gonçalves/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Eduardo foi atingido por um tiro de fuzil na cabeça na porta de casa, no Alemão Imagem: Fábio Gonçalves/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

09/05/2015 06h00

Terezinha de Jesus, 40, se prepara para passar o primeiro Dia das Mães longe do filho, Eduardo, 10, atingido por um tiro de fuzil na cabeça na porta de casa, durante uma operação da Polícia Militar no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.

Antes, conta, se ressentia por nunca conseguir reunir a família toda na data – o filho mais velho, Leandro, 23, mora no Piauí, e nunca veio ao Rio. Agora, “não tem mais como”. “Faltava sempre só o Leandro”, lembra. “Ele me telefonava, falava para eu não preocupar, um dia ia conseguir juntar todo mundo, ficava para o ano que vem.”

Hospedada na casa de primos na zona norte da cidade, ela planeja fazer um almoço com os filhos e parentes neste domingo (10). Será também uma forma de se despedir dos amigos antes de partir do Rio.

Pouco mais de um mês depois da morte, ela e a família se organizam para retornar para a sua cidade natal, a pequena Corrente (PI), a quase 900 quilômetros de Teresina. O plano é partir já no dia 25.

Na sexta-feira (8), foram, escoltados, até a antiga casa da família, no Alemão, para empacotar as coisas que serão enviadas para o Nordeste por uma transportadora. Desde a morte, Terezinha diz ter recebido uma série de ameaças.

Há poucas semanas, chegou uma falsa intimação a chamando para depor em uma delegacia que, descobriu depois, já está desativada. “Liguei para o delegado Rivaldo [Barbosa, titular da Delegacia de Homicídios] e ele me disse para não ir, que aquilo era uma delegacia militar fechada já fazia muito tempo”, diz.

Para a viagem, falta só resgatar Pipoca, cachorrinha de Eduardo, que ficou com vizinhos quando a família foi para o Piauí para o enterro do menino. “Quero ir logo embora, não consigo mais ficar aqui”, diz. “Vai ser muita tristeza no meu coração passar o Dia das Mães sem meu filho.”