Para manter clientes, pastelaria no Rio anuncia: "só usamos carne de vaca"

A informação de que carne de cachorro estaria sendo usada no recheio de pastéis em uma lanchonete administrada por chineses no Rio de Janeiro, divulgada no mês passado, se espalhou pelas redes sociais e afastou clientes de pastelarias na cidade. A denúncia não chegou a ser confirmada oficialmente, mas, sentindo o efeito do episódio no faturamento, o dono de uma lanchonete resolveu adotar uma medida bem-humorada para tentar reconquistar consumidores desconfiados.

Desde esta segunda-feira (11), um painel instalado na frente da lanchonete Royal, na avenida Venezuela, na região portuária da capital fluminense, chama a atenção de transeuntes e clientes. “Aqui, somente usamos carne de vaca. Cachorro, para nós, é para ser amado é protegido”, diz a mensagem na placa, que exibe desenhos de dois cães. Uma gravação de latidos caninos, dos três cachorros do dono, é reproduzida atrás da pintura, atraindo ainda mais curiosos.

“Depois daquela história tivemos uma queda de quase 40% nas vendas. Não temos nada contra A ou B, mas isso acabou repercutindo sobre nós, porque o consumidor final ficou preocupado. Queremos levantar nossas vendas”, justificou Iguassi Moraes, dono da lanchonete Royal há 22 anos. O painel foi confeccionado por três pintores, que também estão decorando o interior da lanchonete.

A julgar pelos faturamento nos dois primeiros dias com a nova “propaganda”, a estratégia parece ter dado certo. “Está fazendo muito sucesso. Hoje de manhã e na hora do almoço muita gente parou para tirar foto. As vendas voltaram ao normal”, contou Nildo Santos, funcionário da lanchonete, na noite desta terça (12).

Também vendedor do estabelecimento, Alexandre Braz conta que, no mês passado, alguns clientes chegaram a fazer piadas com o caso da pastelaria chinesa. “Entravam e soltavam piadinha, perguntando se a carne do pastel era de cachorro”, relata. Na noite desta terça, um homem passava pela calçada na frente do estabelecimento, ao telefone, interrompeu a ligação para fotografar a placa, e avisou que mandaria por mensagem uma "foto bem legal".

Para afastar qualquer dúvida, a cozinha é aberta à visita dos clientes. “Todo dia eu compro de cinco a dez quilos de carne moída em um supermercado próximo. Prezo muito pela qualidade”, afirma Moraes.

Cliente da lanchonete há anos, o agente de navegação Wallace Ribeiro, que trabalha na região portuária, garante que a comida do local "é sempre muito boa", enquanto come um salgado. Ele diz ter achado o painel engraçado mas alerta: "quem vê essa placa pode pensar que nas outras lanchonetes a carne é de cachorro. Todo mundo ao redor vai ter que colocar também".

Em tempo: cada pastel na Royal custa R$ 2. Os sabores são frango, queijo, queijo e presunto, camarão e carne. "Carne bovina, que fique bem claro", reforça o vendedor da lanchonete.