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Após campanha no Facebook, família de Curitiba recebe comida, TV e camas

A estudante de odontologia Diesi Hipólito viu o post no Facebook e decidiu republicá-lo em um grupo - Reprodução
A estudante de odontologia Diesi Hipólito viu o post no Facebook e decidiu republicá-lo em um grupo Imagem: Reprodução

Lucas Gabriel Marins

Do UOL, em Curitiba

16/06/2015 12h00

Na última sexta-feira (12), o cuidador de idosos Anderson Carvalho Antunes, 27, ficou desolado. O único alimento que seu filho Guilherme, 8, ingeriu antes de ir para a escola foi um copo d'água. "Foi aí que o desespero aumentou", conta o pai de família, que ainda tem outras duas crianças.

Antunes passou uma mensagem por celular a um amigo pedindo ajuda, que resolveu republicar o apelo no Facebook. A estudante de odontologia Diesi Hipólito, 20, viu o post e decidiu republicá-lo em um grupo da rede social do qual faz parte, chamado UFPR Mercadão , onde pessoas oferecem e compram produtos. "Achei que dessa forma eu poderia ajudar", conta Hipólito. E ajudou.

No sábado (13), pela manhã, Antunes começou a receber telefonemas de pessoas que não conhecida. Até o final do dia, outras tantas foram até a casa em que mora, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (PR), levar mantimentos.

Os armários da cozinha e da geladeira, até então vazios, ficaram repletos de arroz, feijão, bolachas recheadas e outros alimentos. "Foi um alívio saber que meu filho iria comer", conta ele, que está desempregado faz três meses.

Antunes e a família também ganharam um sofá, uma televisão de 14 polegadas, diversas sacolas com roupas e camas. Eles dormiam em dois colchões mofados. O filho Guilherme dividia o de solteiro com o seu irmão do meio, Gabriel, 3. O caçula, chamado Miguel, dormia no meio de Antunes e sua esposa, Rosiele Harka, 26.

Solidariedade virtual

O post de Diesi gerou repercussão no Facebook. Em apenas um dia, foram 380 comentários feitos por pessoas querendo ajudar. O coordenador de segurança Cleverson Guarize, 38, foi um deles. Enquanto Deise reunia os contatos de todos que gostariam de contribuir, Guarize pegou seu carro e foi em busca das doações, junto com outro membro do grupo.

"Vi que não tinham como levar as coisas. Mas, como tenho um carro grande, me disponibilizei. Começamos a arrecadar às 10h. Passamos por sete bairros diferentes", conta. Ainda nesta semana eles pretendem fazer novas doações para Antunes.

Além de alimentos, roupas e móveis, Guarize e os outros participantes do grupo estão em busca de emprego para Antunes. Ele já tem quatro entrevistas marcadas para as próximas semanas. "Eu tenho mandado currículo para tudo o que é lugar e ido às agências do trabalhador, mas nada tem dado certo O que aparecer eu pego", conta ele, que até então tem feito bicos para sobreviver.

A solidariedade continua

Diesi e Guarize pretendem continuar o trabalho. Eles descobriram, nesta segunda-feira (15), que uma família de Curitiba com sete pessoas está com dificuldades. "Eu sou mãe. Eu me coloco no lugar das pessoas e ajudo. O mínimo que eu puder fazer eu faço", conta.

Guarize já tem até o que doar. "Eu tenho fogão e micro-ondas. Minha família iria se desfazer. Costumo guardar coisas para depois repassar a quem precisa."

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Os armários da casa de Antunes, até então vazios, ficaram repletos de arroz, feijão, bolachas recheadas e outros alimentos
Imagem: Lucas Gabriel Marins/UOL