Academia usa foto de menino sírio morto em propaganda de aulas de natação
Do UOL, em São Paulo
24/03/2016 19h08
A foto do menino sírio Aylan Kurdi, 3, foi usada pela academia Fitflex, em Esteio, no Rio Grande do Sul, em uma propaganda para estimular pais a matricularem seus bebês em aulas de natação.
Aylan morreu afogado em setembro do ano passado, durante travessia entre a Turquia e a Grécia, na tentativa de chegar a Europa e fugir da guerra civil na Síria. Sua foto em uma praia na região turca de Bodrum se tornou símbolo da crise de refugiados vivenciada na Europa.
A propaganda foi veiculada no dia 3 de março em um jornal local. Nela, a foto de Aylan aparece ao lado da frase: “9 meses para nascer, 3 anos para crescer, 2 minutos pra ficar sozinha, e em 1 minuto pode morrer afogada".
Veja também
Publicada em uma página no Facebook, a imagem foi considerada de mau gosto pelos internautas. Até a tarde desta quinta-feira (24) mais de 1.200 pessoas haviam reagido ao anúncio na rede social.
Um dos comentários dos internautas na foto diz “isso aí é zueira, não!? Diz que é, diz que é, por favor...”. Em outro, o internauta fala da falta de profissionalismo da escola de natação: “isso que dá pedir pro sobrinho que sabe mexer no Corel e Photoshop. De muito mal gosto”. Outra internauta escreveu: “Acho que a pessoa tava em Marte para não saber quem é a criança afogada da foto e qual foi a situação da morte. Só pode...”.
A reportagem do UOL entrou em contato com a Fitflex, mas uma funcionária afirmou que apenas o proprietário da academia poderia se manifestar sobre o assunto. O responsável não atendeu às ligações.
O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) informou não haver processos em tramitação relacionados à propaganda da Fitflex. O conselho de ética do órgão vai apurar para saber se houve abusos.
No mês passado, o Conar conseguiu uma limitar sustando um anúncio em um outdoor de João Pessoa (PB) que também utilizava a imagem do Aylan. A propaganda vinha com o título “O futuro das nossas crianças não pode morrer na praia”.