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Moradores escolhem área para reerguer vila de Mariana destruída pela lama

Janela de uma casa danificada no distrito de Bento Rodrigues, após o rompimento das as barragens da mineradora Samarco, em Mariana (MG) - Ricardo Moraes/Reuters
Janela de uma casa danificada no distrito de Bento Rodrigues, após o rompimento das as barragens da mineradora Samarco, em Mariana (MG) Imagem: Ricardo Moraes/Reuters

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

07/05/2016 18h59

Ex-moradores de Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana (MG) arrasado pela lama que jorrou da barragem de Fundão no ano passado, escolheram neste sábado (7) uma área denominada “Lavoura” na qual querem que a comunidade seja reerguida. O terreno fica a 9 quilômetros da antiga Bento Rodrigues e 8 quilômetros do centro de Mariana. 

O rompimento da barragem da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP, completou seis meses no dia 5 deste mês. A tragédia, ocorrida no dia 5 de novembro do ano passado, matou 19 pessoas [um corpo ainda está desaparecido] e foi considerada o maior desastre ambiental do país.

A votação foi feita das 8h às 17h, no Centro de Convenções de Mariana e os representantes de 226 famílias atingidas pela lama que tinham direito ao voto puderam optar por uma entre três opções de terrenos. O local de preferência dos atingidos teria que ter mais de 60% da preferência dos votantes para ser declarado o vencedor do pleito.

Conforme a assessoria da Samarco, a região que teve a predileção dos atingidos recebeu 206 votos. Já “Carabina” obteve 15 votos, e “Bicas” foi a escolha de dois dos representantes, totalizando 223 votos. Três pessoas não compareceram.

O evento foi acompanhado pelo Ministério Público. A Samarco informou que uma auditoria externa também fiscalizou a votação.

Lavoura tem 350 hectares e fica próxima a Mariana. Ela teve mais de 60% dos votos. Os atingidos pela lama conheceram as localidades antes da votação.

Segundo o acordo assinado entre a mineradora Samarco e a União e os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a empresa tem prazo de três anos para reconstruir Bento Rodrigues. O terreno escolhido não pertence à Samarco. Ele é de propriedade da ArcelorMittal, empresa siderúrgica multinacional produtora de aço. No entanto, segundo a assessoria da mineradora, já estão em andamento negociações para aquisição das terras.

De acordo com o promotor Guilherme de Sá Meneghin, da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mariana, a próxima etapa é realizar um pente-fino na localidade eleita pelos ex-moradores de Bento Rodrigues.

“Uma vez escolhido esse local, nós vamos aprofundar os estudos técnicos e científicos e, se o terreno for viável, se não houver nenhum problema grave lá e se ele puder abarcar a comunidade, aí começa a fase de licenciamento ambiental e construção”, declarou.

Atualmente, as famílias que perderam suas moradias estão alojadas em casas e apartamentos, em Mariana. O valor dos alugueis está sendo pago pela Samarco.

Os ex-moradores dos subdistritos de Paracatu de Baixo e Gesteira, também atingidos pelo colapso da estrutura, vão passar pelo mesmo procedimento para a escolha da região onde serão reerguidas as comunidades. No entanto, ainda não há uma data definida para isso ocorrer. 

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